Por que decidiu tornar pública a orientação sexual de seu filho? Sou tranquilo e tenho uma abertura grande com ele. Sei que há pessoas que sofrem com isso, principalmente na relação pai e filho. Falei no Dia dos Pais a um programa de TV e já havia postado na minha rede: “Meu filho é, e daí?”. Quero diminuir o preconceito.
Como descobriu a orientação dele? A própria família chamou atenção. Também fui reparando no jeito e no comportamento dele. Até que o abordei dizendo que o criei como homem, sempre o enxerguei como homem, nunca lhe havia dado uma boneca. Ele respondeu: “Pai, eu sinto atração por homens e também meninas, mas não sei ainda”. Após alguns meses, ele me apresentou um namoradinho. Acho que eles estão juntos há cinco meses.
E a família, como reagiu? Achamos legal quando acontece na família dos outros. Quando é na nossa, não sabemos a reação que teremos. Graças a Deus, encarei com naturalidade. Percebi que o maior preconceito vem da própria família, na qual as pessoas deveriam procurar mais apoio e força.
Como se sente depois de falar publicamente? Sinto-me numa situação confortável. Falei de um problema… um problema, não; um assunto sério, que envolve um filho que criei como um homem e vejo gostando de outro homem, uma situação oposta. Sou pai de seis, fui casado, e tive de ter maturidade para falar. Não acho que seja normal, mas é algo que a gente tolera e respeita. A única coisa que eu pedi a ele foi respeitar-se, respeitar seu pai, sua casa e sua família. Eu disse: “A sociedade ainda não está aberta a isso. Estude, tenha um bom trabalho para não depender de nada nem de ninguém”.
Se presenciasse alguma cena de preconceito contra seu filho, o que faria? Teria a reação de defesa de um pai. Partiria para cima.
O senhor já teve adversário homossexual no boxe? Não. O que acontecia mais eram brincadeiras de um professor que fazia massagem na virilha de um e de outro. Mas era só brincadeira e curtição com o outro.
Publicado em VEJA de 23 de agosto de 2017, edição nº 2544