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O remédio certo

A reforma administrativa é o medicamento adequado para atacar o gigantismo do Estado, um mal que prejudica demais a economia brasileira

Por Da Redação 4 set 2020, 06h00

Na terça-feira, dia 1º, o IBGE divulgou os dados relativos à economia brasileira entre abril e junho, trimestre em que o baque da pandemia do coronavírus foi mais severo. De acordo com o órgão, o produto interno bruto encolheu 9,7% no período, o pior resultado já registrado na história. As quedas que mais pesaram na conta foram as do setor industrial (12,3%), de serviços (9,7%) e do consumo das famílias (12,5%). Mas na economia, assim como na vida, uma análise mais ponderada dos fatos é crucial para se ter um quadro mais realista. Em resumo: é preciso sempre levar em consideração o contexto em que a situação acontece e os detalhes que às vezes escapam num primeiro momento. Embora horroroso, o índice brasileiro foi melhor que a média registrada pelos sete países mais industrializados do mundo, o G7, e menos desastroso que a média entre os 37 membros da OCDE.

No Brasil, há que reconhecer, algumas medidas do governo federal ajudaram a aliviar o rombo, sendo a principal delas a criação do auxílio emergencial para suplementar a renda da população mais vulnerável (confira a reportagem sobre o tema na pág. 42). No mesmo dia em que vieram a público os resultados do PIB, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o programa continuará até dezembro, mas com parcelas de 300 reais. Em paralelo, ele também aproveitou para anunciar que desengavetaria finalmente o projeto de reforma administrativa, entregue pelo Ministério da Economia em novembro do ano passado.

É importante ressaltar que são dois remédios de natureza muito diversa. O auxílio emergencial é aquela droga fortíssima, capaz de manter o doente vivo, mas que traz efeitos altamente danosos ao organismo — no caso, corroendo as finanças públicas, acostumando milhões de brasileiros a receber sem trabalhar e levando o país ao descalabro fiscal. Já a reforma administrativa é o medicamento adequado para atacar o gigantismo do Estado, um mal que prejudica demais a economia brasileira. Atualmente, o governo federal emprega mais de 600 000 pessoas de todas as profissões. São 117 carreiras, com cerca de 250 tabelas salariais, muitas sem padrão algum. Trata-se de uma barafunda que não consegue premiar os bons servidores, consome recursos dos contribuintes e os devolve na forma de serviços, em sua maioria ineficientes.

Até agora, Bolsonaro tinha se esquivado de atacar o problema para não ferir suscetibilidades entre os funcionários públicos. Seu medo era prejudicar corporações que poderiam atrapalhar seus planos de reeleição. Com a declaração pró-reforma, o presidente saiu da letargia, deu uma demonstração de maturidade como gestor e merece elogios por isso. Ao mesmo tempo, ele reforçou o prestígio do ministro Paulo Guedes, cuja agenda liberal, caso implementada, será sem dúvida um avanço para o país. Com essa alteração, o dia que poderia ter passado para a história como um episódio sombrio acabou, paradoxalmente, reacendendo a esperança de que o Brasil volte aos trilhos e recupere sua saúde econômica.

Publicado em VEJA de 9 de setembro de 2020, edição nº 2703

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