Na segunda-feira 26, o governo americano anunciou a expulsão de sessenta diplomatas russos. A medida, que também foi adotada por outros 25 países ocidentais e pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), foi uma represália ao envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal e de sua filha, na Inglaterra. Segundo o governo inglês, a ordem partiu de Moscou. A expulsão de diplomatas é uma maneira de mostrar que o Ocidente está unido contra as tentativas do governo russo de causar o caos em suas democracias, mas não é o bastante para conter o presidente Vladimir Putin. “Simbolicamente, isso pode atingi-lo, mas as medidas não terão muito efeito se não forem acompanhadas por mais sanções econômicas”, diz o historiador inglês Steve Hewitt, da Universidade de Birmingham.
O que realmente pode preocupar Putin é o descontentamento interno. Ele foi reeleito com folga no último dia 18, mas a população está mais consciente dos próprios direitos e, assim como vê o presidente como responsável por seus ganhos, também atribui a ele os problemas que enfrenta. A reação ao incêndio em um shopping center na Sibéria que matou 64 pessoas, entre elas 41 crianças, no dia 25, mostra o risco que todo governo personalista e centralizador corre. Os familiares relacionam as falhas nos dispositivos anti-incêndio à corrupção das autoridades. Em meio ao luto, houve protestos aos gritos de “Renuncie, Putin”.
Publicado em VEJA de 4 de abril de 2018, edição nº 2576