Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O humorista da classe média

Morre, aos 91 anos, o dramaturgo Neil Simon

Por Da Redação Atualizado em 31 ago 2018, 07h00 - Publicado em 31 ago 2018, 07h00

Com suas roupas inconspícuas, fios de cabelo esticados para disfarçar a calvície e óculos arredondados, o dramaturgo Neil Simon encarnava tão bem certa frugalidade da classe média americana que foi comparado a um “contador ou bibliotecário”. Mas não havia nada de monótono na trajetória de Simon. Mais popular e prolífico autor teatral dos Estados Unidos na segunda metade do século XX, ele dominou a paisagem da Broadway entre os anos 60 e 70 com suas comédias e musicais, muitos dos quais se desdobraram em fenômenos do cinema — como Um Es­tranho Casal (1968), com Walter Matthau e Jack Lemmon, e Uma Dupla Desajustada (1975), estrelado pelo mesmo Matthau e George Burns.

A identificação com a classe média ia muito além do visual conservador. Simon retratou o modo de vida americano com humor leve mas gaiato, que ironizava as contradições de seu país. Sua carreira ilustra a efervescência criativa de seu tempo. Filho de um comerciante nova-iorquino, ele começou (ao lado do irmão, Danny) como roteirista de um programa de TV da década de 50 que congregou humoristas emergentes como Mel Brooks e Woody Allen. Dali passou ao teatro, aos roteiros de cinema e musicais — como Promises, Promises, versão para a Broadway do filme Se Meu Apartamento Falasse (1960), de Billy Wilder. Do início ao fim, foi fiel a um princípio: “Não escrevo peças políticas e sociais, porque sempre achei que a família é o microcosmo que move o mundo”. Morreu no domingo 26, aos 91 anos, em decorrência de uma pneumonia.


“Olha a hora, gente”

ZÉ BETTIO - O consolo para uma geração de nordestinos no Sudeste (Pedro Martinelli/Dedoc)

Nos anos 1970 e 1980, só havia um consolo para a solidão dos nordestinos que tentavam a vida nas grandes cidades do Sudeste: a voz um tanto esganiçada de Zé Bettio, o radialista que iniciara a vida tocando acordeão numa dupla sertaneja e fazia imenso sucesso com um programa matinal, sempre em ondas médias, antes da explosão das FMs. Ele começou na Rádio Difusora de Guarulhos, passou pela Rádio Cometa e alcançou o estrelato na Rádio Record. A voz era conhecidíssima, mas não o rosto do locutor, que evitava ser fotografado com o indefectível chapéu caipira que nunca tirava. Entre os sons de baldes de água sendo despejados, bois mugindo e burros zurrando, eternizou uma coleção de bordões: “Olha a hora, gente, olha a hora”; “Joga água nele”; “Acorda, gordo, ô gordo!”. Bettio foi o despertador de uma geração que trocava o campo pelo cotidiano urbano. Foi também responsável por lançar alguns dos grandes nomes da música popular, como Milionário e José Rico e Chitãozinho e Xororó. Morreu na segunda-feira 27, aos 92 anos, em São Paulo, depois de longo período recluso num sítio no interior. Havia sofrido um acidente vascular cerebral.

Publicado em VEJA de 5 de setembro de 2018, edição nº 2598

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.