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O estigma da fama

Marcada pela infeliz participação em um reality show do SBT, Patrícia Coelho lança 'Coragem', single que reafirma seu talento como cantora

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 jun 2018, 20h12 - Publicado em 29 jun 2018, 06h00

Em 2001, a cantora paulistana Patrícia Coelho colhia a boa repercussão de seu disco de estreia e de uma elogiada performance no Rock in Rio quando foi convidada para participar de um novo programa no SBT. Primeiro grande sucesso dos reality shows brasileiros de confinamento, Casa dos Artistas colocaria cantores, atores e pseudocelebridades para conviver sob o mesmo teto. Patrícia permaneceu na casa até a última eliminatória, quando a atriz Bárbara Paz se sagrou vencedora. Mas essa exposição televisiva não teve o efeito desejado: a cantora passou a integrar uma casta do showbiz que é requisitada só para aparições vips — atividade que dispensaria seu genuíno talento musical. “Eu poderia ser como Adriane Galisteu, que vive de ser uma celebridade”, diz. “Mas não é o que eu quero para a minha carreira.” Patrícia, de 45 anos, marcou para a sexta-feira 29 de junho o seu renascimento. É quando a cantora lança o single e o vídeo do pop melancólico Coragem, prenúncio de Lapin (coelho, em francês), disco que virá no fim de setembro.

O estrago que o programa causou na carreira de Patrícia torna-se mais compreensível quando se considera que o Brasil todo a viu sob o edredom, na companhia de Alexandre Frota. “Nunca tivemos nada. Só formamos uma dupla muito boa”, diz o ex-ator pornô hoje convertido em militante da moralidade. Indagada sobre o caso, Patrícia desconversa com o enfado de quem já falou demais sobre isso: “Não adianta dizer mais nada. Ninguém vai acreditar na minha verdade”. Depois da Casa dos Artistas — e de Um Pouco Maluca, álbum de 2002, que passou em branco —, Patrícia buscou o cenário alternativo de São Paulo, onde cantava e atuava como DJ. O público, os músicos e os empresários desse meio não se importavam com seu passado de subcelebridade. “Não assisti à Casa dos Artistas, então nunca me preocupei com isso”, diz o empresário da noite Facundo Guerra, que abrigou o Charlize — grupo que tinha Patrícia como vocalista — na casa noturna Vegas.

Lapin foi gestado durante os anos de 2016 e 2017, com os custos bancados pela própria cantora, que se virou em trabalhos de locução no mercado publicitário. A voz de registro agudo, adequada ao pop rock de sua fase anterior, deu lugar a um canto mais contido. O tom atual — que às vezes se assemelha ao de Rita Lee — cai bem com a nova realidade de Patrícia: uma pessoa de beleza e voz maduras, que coloca gotas de sentimento em cada sílaba. O repertório, antes eclético (ia de Sidney Magal a Clube da Esquina), agora se concentra em composições próprias, que buscam o som econômico de grupos alternativos americanos como The Strokes — tendência bem evidente nas guitarras e no baixo de tom agudo de Primeira de Muitas. Os mais saudosistas vão perceber ecos do New Order, estandarte do rock eletrônico inglês, em Mil Anos ou Mais. Embora gravadas em várias sessões de estúdio ao longo de dois anos, as músicas de Lapin possuem a unidade que faltava nos trabalhos anteriores da intérprete. Coragem e Lapin terão o poder de sepultar de vez o estigma de participante de reality show.

Publicado em VEJA de 4 de julho de 2018, edição nº 2589

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