O pesquisador William Nordhaus, de 77 anos, professor da Universidade Yale, passou a maior parte das últimas quatro décadas tentando convencer governantes mundo afora a tomar providências para frear o aquecimento global. Ele defende a tese de que a melhor maneira de fazer isso é oferecer incentivos fiscais a quem reduz a emissão de gases causadores do efeito estufa. No início dos anos 1990, Nordhaus foi o primeiro estudioso a demonstrar, com dados científicos, a interação entre a economia e o clima. Na mesma época, Paul Romer, hoje com 62 anos, professor na Universidade de Nova York, esclareceu de que modo as forças econômicas orientam a disposição das empresas para investir e produzir inovação. Suas ideias estão por trás de inúmeras políticas públicas desenhadas para promover o desenvolvimento sustentável. O reconhecimento à atuação de ambos veio na segunda-feira 8, com a outorga do Prêmio Nobel de Economia de 2018.
“Em sua essência, a economia lida com a gestão de recursos escassos. A natureza dita as principais restrições ao crescimento econômico e nosso conhecimento determina quão bem lidamos com essas restrições. Os laureados deste ano ampliaram significativamente o escopo da análise econômica ao construir modelos que explicam como a economia de mercado interage com a natureza”, ressaltou a nota da Academia Sueca. O Nobel foi anunciado algumas horas depois de o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU divulgar um relatório que mostrava que, para evitar uma catástrofe ambiental, a humanidade precisa conter a elevação da temperatura a 1,5 grau e não 2 graus, como estabelecia o Acordo de Paris (2015). O desrespeito aos cuidados com o ambiente resultaria em danos já no ano de 2040, dentro, portanto, da expectativa de vida de boa parte da população. Unir economia e ecologia pode não resultar apenas em uma rima — e sim numa solução.
A médium best-seller
Foram os espíritos, dizia a escritora Zibia Gasparetto, que a orientaram em sua escolha profissional definitiva: disseram que ela deveria fechar o centro espírita que tinha em São Paulo e abrir uma editora para publicar os livros que psicografava. Nasceu daí a Vida & Consciência, império editorial cujo principal autor era a própria Zibia. A escritora publicou 58 livros, que venderam 18 milhões de exemplares. Morreu aos 92 anos, dormindo em sua casa, na quarta-feira 10, de câncer no pâncreas.
Uma voz soberba
Em 1965, Montserrat Caballé foi escalada para substituir uma colega doente na ópera Lucrezia Borgia, de Donizetti, no Carnegie Hall, em Nova York. Aplaudida de pé por cinco minutos, a então desconhecida catalã iniciou ali seu reinado como a maior soprano da segunda metade do século XX. A limpidez e o alcance de seus agudos lhe renderam o epíteto de La Superba (A Soberba). Foi a derradeira tradução da primadonna — pela voz e pelo temperamento difícil. “Se não posso cantar, tenho a impressão de que não existo”, declarava. Morreu no sábado 6, de complicações de uma infecção na vesícula, aos 85 anos.
Publicado em VEJA de 17 de outubro de 2018, edição nº 2604