A semana começou mal e terminou pior para o presidenciável Geraldo Alckmin. Na quarta-feira 5, o tucano soube que o Ministério Público do Estado de São Paulo havia protocolado contra ele uma ação de improbidade administrativa baseada na delação da Odebrecht. Benedicto Júnior e Luiz Antônio Bueno Júnior, executivos da empreiteira, disseram em 2016 que repassaram 8,3 milhões de reais via caixa dois para financiar a campanha de 2014 de Alckmin ao governo paulista. As delações foram homologadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em janeiro de 2017. No fim do ano, Alckmin se tornou alvo de inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) — foro especial para governadores. Em abril deste ano, porém, ao se licenciar do cargo para concorrer à Presidência da República, ele perdeu o foro e o seu inquérito passou para a esfera do Ministério Público Estadual.
Por esse motivo é que o promotor Ricardo Manuel Castro pôde oferecer a denúncia contra o tucano neste momento. De acordo com a acusação, a Odebrecht repassou 7,8 milhões de reais à campanha de Alckmin em dinheiro vivo e em parcelas de 300 000 a 1,5 milhão de reais, quase o valor acertado com os executivos da Odebrecht. Elas teriam sido entregues a um portador indicado por Marcos Antônio Monteiro, responsável pelas finanças da campanha tucana e então presidente da Imprensa Oficial do Estado. Nas planilhas da Odebrecht, Monteiro era identificado pela sigla M&M. Por meio de sua assessoria, Alckmin afirmou que “não há fato novo” na denúncia e que, com ela, o promotor Castro “desafia” o STJ (em abril, o tribunal decidiu remeter o caso à Justiça Eleitoral). Não foi a única má notícia da semana para o ex-governador. Ainda na quarta-feira, pesquisa do Ibope mostrou que o tucano continua estacionado em quarto lugar nas intenções de voto, mesmo depois do início do horário eleitoral. Horas antes, Alckmin fora tema de vídeo divulgado pelo presidente Michel Temer, que não gostou das críticas ao seu governo feitas pelo ex-aliado e o chamou de “falso”. Nesse caso, porém, dada a abissal impopularidade de Temer, é até possível que a crítica do presidente seja boa para Alckmin. Afinal, distanciar-se de Temer é tudo o que o tucano deseja.
Publicado em VEJA de 12 de setembro de 2018, edição nº 2599