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Muito além do vinho

Novos estudos mostram que o consumo de álcool pode reduzir o risco de doenças como diabetes e Alzheimer — mas continua provocando outros males indesejáveis

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 ago 2018, 07h00 • Atualizado em 4 jun 2024, 17h40
  • arte-bebidas-mobile
    (VEJA/VEJA)

    “O vinho é a enfermeira da velhice.” O médico romano Galeno, do século II, cunhou a frase ao observar que os consumidores do elixir de Baco pareciam ficar menos doentes. Galeno receitava doses moderadas da bebida para febre e problemas de estômago. No fim da década de 80, os cientistas isolaram o resveratrol, substância com grande capacidade anti-inflamatória presente na casca e na semente da uva, e decifraram sua composição. Beber, em doses controladas, portanto, poderia até fazer bem à saúde — mas essa história dizia respeito ao vinho, e apenas ao vinho.

    Novas pesquisas começam a detalhar outros benefícios do consumo de álcool para a saúde, agora ampliando o leque para cervejas e mesmo destilados. O mais surpreendente trabalho associou o efeito protetor do álcool ao menor risco de Alzheimer. A pesquisa, publicada no início deste mês no periódico British Medical Journal, mostrou que quem bebe 250 mililitros da substância por semana, o equivalente a catorze latinhas de 350 mililitros de cerveja ou catorze doses de 44 mililitros de qualquer destilado, tem o risco de desenvolver a doença reduzido em 47% em comparação com os abstêmios. O impacto é semelhante ao da prática regular de exercícios físicos. O álcool ativaria um sistema (chamado de glinfático) responsável por limpar o cérebro de resíduos nocivos, incluindo as placas de proteína beta-amiloide do Alzheimer.

    Um segundo achado, da Universidade do Sul da Dinamarca, mostrou que o álcool diminui em cerca de 50% o risco de diabetes do tipo 2. Diz o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento: “O álcool pode facilitar a entrada da insulina nas células”. Ele aumenta os níveis de adiponectina, proteína fabricada pela gordura e também relacionada aos receptores celulares de insulina.

    Ressalve-se que a quantidade de doses identificada nos estudos como zeladora da saúde jamais ultrapassou a recomendação internacional definida como segura. Ou seja: até duas doses diárias. No caso do trabalho sobre o Alzheimer, o consumo para além dos limites inverte o efeito, reduzindo o fluxo sanguíneo para o cérebro e atrofiando as áreas ligadas a coordenação motora e memória.

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    Em nenhum momento os estudos recomendam que o abstêmio comece a beber para se beneficiar dos efeitos. Se há pontos positivos com os goles bem dados, os negativos continuam de pé. O consumo de álcool pode levar à morte, à cirrose e ao câncer — e, por isso, nenhum profissional sério se atreveria a recomendar um copo ao abstêmio. Trata-se, então, de entender as descobertas como um sinal das vantagens de beber, mas sem esquecer seus malefícios. Diz o cardiologista Marcus Malachias, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais: “Os estudos sobre os benefícios do álcool comprovam que não há verdade absoluta para a ciência. Assim como não se deve condenar totalmente o álcool, não se deve jamais utilizá-lo como remédio”.

    O ritmo na ingestão também é crucial para que os benefícios do álcool sejam deflagrados — quanto mais espaçado, melhor. O binge, termo que corresponde ao hábito de consumir pelo menos quatro doses no período de até duas horas, é bombástico. Esse costume, cada vez mais praticado por jovens, sobrecarrega o organismo com os efeitos tóxicos da substância. Estudo publicado no British Medical Journal mostrou que de 2009 a 2016 o número de mortes de homens e mulheres com idade de 25 a 34 anos por cirrose cresceu 99% — entre os mais velhos, o índice foi de 39%. A regra, como se vê, continua a mesma: todo cuidado é pouco.

    Publicado em VEJA de 22 de agosto de 2018, edição nº 2596

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