Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Memória: Carlos Menem e Leopoldo Luque

O ex-presidente argentino e o centroavante

Por Da Redação 19 fev 2021, 06h00

“Levanta-te e anda”, disse o presidente argentino Carlos Menem em seu discurso de posse, em 1989. Eleito depois da renúncia de Raúl Alfonsín, o primeiro a ocupar a Casa Rosada após a ditadura militar, e que deixara o país com uma hiperinflação de 3 000% ao ano, Menem tinha uma única ideia na cabeça: consertar a economia. Nessa toada, abandonou parte das bandeiras peronistas, de permanente intervenção estatal, e adotou a cartilha liberal desenhada pelo FMI para países em desenvolvimento, conhecida como o “Consenso de Washington”. Durante os dez anos seguintes, privatizou empresas, abriu os negócios para o exterior e impôs a paridade cambial entre o dólar e o peso, em 1 para 1. E então, a sociedade argentina reinventou um modo de vida — guardava a moeda americana em casa, às vezes debaixo do colchão, comprava casacos de pele na Europa porque saía mais barato do que os locais, viajava pelo mundo. O crescimento econômico imediato lhe rendeu um novo mandato, em 1995, com devido acerto na Constituição, de modo a autorizar a reeleição. A insistência prolongada na política de paridade, somada às crises internacionais, contudo, fez a Argentina terminar a caminhada rumo ao desenvolvimento de joelhos, em frangalhos, com o desemprego em alta.

O legado de Menem foi o caos. Ao deixar a Presidência, em 1999, a recessão já se impusera e culminaria em cenas inimagináveis de convulsão social para seu sucessor imediato, Fernando de la Rúa, que abandonou o poder, fugindo de helicóptero. Longe da Casa Rosada, Menem teve de encarar, na Justiça, denúncias de corrupção e envolvimento com tráfico de armas. Enfrentou os processos protegido pelo cargo de senador, o que lhe garantiu imunidade. Morreu no dia 14, aos 90 anos, em Buenos Aires, por complicações de uma infecção urinária.

O coadjuvante artilheiro

TRIUNFO EM CASA - Luque (de frente), ao lado de Mário Kempes: quatro gols na Copa do Mundo de 1978 -
TRIUNFO EM CASA - Luque (de frente), ao lado de Mário Kempes: quatro gols na Copa do Mundo de 1978 – (Reprodução/Facebook)

Craque ele não era, longe disso, mas tinha um vigor incansável e a habilidade de estar no lugar certo, na hora certa, com 1,78 metro e um fortíssimo chute de direita — era, enfim, um oportunista dentro da grande área. O centroavante Leopoldo Luque, de vasto bigodão a emoldurar o rosto, cuja imagem parecia a de uma caricatura de Quino, ajudou a Argentina a ganhar a Copa do Mundo de 1978, disputada em casa. Fez uma dupla infernal com Mário Kempes (ele sim, sensacional). Luque, o coadjuvante, marcou quatro gols no torneio — dois dos quais na infame vitória por 6 a 0 contra o Peru, que resultaria na eliminação do Brasil, o “campeão moral”, na definição do treinador Claudio Coutinho. Luque jogou pelo Rosario Central, River Plate e Racing. Em 1983, teve rápida passagem pelo Santos, mas sem sucesso. Morreu em decorrência da Covid-19, em 15 de fevereiro, em Buenos Aires, aos 71 anos. Estava internado na UTI desde a virada do ano.

Publicado em VEJA de 24 de fevereiro de 2021, edição nº 2726

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.