Lee Iacocca, o executivo de uma nova era
Profissional inaugurou uma época marcada por controle rigoroso das finanças, métodos modernos de administração e amplo espaço na imprensa
Antes de Lee Iacocca, a imagem do executivo americano bem-sucedido no comando das montadoras de automóveis era a de um homem na estica, com ternos sempre bem cortados e, nas horas vagas, firme e descontraído nos gramados de golfe. Iacocca inaugurou uma época marcada por controle rigoroso das finanças, métodos modernos de administração e amplo espaço na imprensa — em um tempo ainda sem internet, ele próprio gostava de aparecer em comerciais de televisão dos produtos que lançava. Era, enfim, uma estrela. Iacocca — Uma Autobiografia, livro publicado em 1984, em cuja capa ele está com os braços na cabeça, rindo, imagem icônica daquele período, alcançou imenso sucesso, antecipando os volumes de diretores de empresa que fariam estardalhaço nas décadas seguintes. Histórias para contar, ele tinha, em profusão. Como comandante da Ford — onde trabalhou durante 32 anos e da qual foi espetacularmente demitido em 1978 —, lançou o Ford Mustang. Em sua segunda vida empresarial, na Chrysler, no início dos anos 80, beliscou um empréstimo de 1,5 bilhão de dólares do governo americano, com o argumento de que uma empresa tão relevante não poderia fechar — e a tirou do buraco. A reviravolta lhe deu fama internacional e a reputação de herói do capitalismo nos Estados Unidos — era a vitória do filho de um vendedor de cachorro-quente que, apesar de tudo e de todos, uniu criatividade e liderança para fazer muito, muito dinheiro. Chegou até a ser indicado, por diversas pesquisas de opinião pública, como o candidato ideal para suceder a Ronald Reagan na Presidência dos Estados Unidos, em 1988 — postulação que ele evitou, ao contrário de certo alguém que também saiu dos negócios para a política. Iacocca morreu na terça-feira 2, na Califórnia, aos 94 anos. Sofria havia anos de Parkinson.
Cartuns feitos para pensar
Em meados dos anos 60, o cartunista argentino Guillermo Mordillo decidiu tentar a vida em Paris. Como não escrevia em francês, optou pelo silêncio de seus personagens — e criou um estilo inigualável, com desenhos coloridos, de figuras um tanto disformes. Começou a publicar na revista Paris Match em 1966, e não parou mais. Populares, seus trabalhos apareceram até mesmo em pôsteres e quebra-cabeças. Ele tinha duas paixões: animais e futebol. No prefácio do livro Mordillo — Futebol&Cartuns (Panda), o jornalista e escritor Alberto Villas resumiu a obra de Mordillo: “Não é o humor do riso fácil, mas o humor que faz pensar. Quem bate o olho num Mordillo sempre para, pensa e deduz: ‘Que sacada!’ ”. Morreu no dia 30, aos 86 anos, em Mallorca, na Espanha, de causas não reveladas.
Publicado em VEJA de 10 de julho de 2019, edição nº 2642
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