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Exemplos a ser seguidos

O Prêmio VEJA-se homenageia seis brasileiros que, em um país dividido pela crise econômica e pela polarização política, dedicam sua vida a transformar vidas

Por Roberta Paduan
Atualizado em 4 jun 2024, 16h00 - Publicado em 28 dez 2018, 07h00

Pessoas comuns são capazes de realizar feitos incomuns. Como a bailarina que montou uma das melhores escolas de dança de Fortaleza em um dos bairros mais violentos da cidade, o obstetra que transformou a dor da perda em um centro de excelência em parto natural ou a assistente social que mobiliza dezenas de pessoas no combate ao desperdício de dinheiro público. Iniciativas como essas brotaram em 2018 no Brasil, apesar da crise econômica e da polarização política. O Prêmio VEJA-se, em sua segunda edição, investigou ao longo do ano a história de dezenas de brasileiros que ajudaram a mudar a sociedade. Uma primeira seleção indicou um grupo de dezoito pessoas em seis categorias: Cultura, Políticas Públicas, Saúde, Educação, Inovação e Diversidade. Os seis vencedores aparecem nestas páginas.

Os campeões foram definidos cuidadosamente: pela escolha popular, com votação no site de VEJA, por um time de três editores da revista e pela decisão de uma comissão julgadora composta de doze personalidades. Neste ano, fizeram parte desse grupo Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (Ceipe); Maria Helena Guimarães, ex-secretária executiva do Ministério da Educação; Cristovão Tezza, escritor; Ana Claudia Arantes, geriatra; Fernando Cotait Maluf, oncologista; Facundo Guerra, empresário; Alexandra Loras, ex-consulesa; Humberto Falcão Martins, especialista em políticas públicas e gestão governamental e doutor em administração pela FGV-RJ; Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE e presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro; Marcelo Viana, diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (RJ); João Fernando Gomes, vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências; e Caetano Vilela, encenador e iluminador de teatro e ópera.

Entre os seis vencedores, há dois homens e quatro mulheres. São eles: Katiana Pena (Cultura), Roni Enara (Políticas Públicas), José Carlos Gaspar (Saúde), Adalberto Marques (Educação), Juliana Maia (Inovação) e Carolina Ignarra (Diversidade). Os vídeos e o perfil completo de todos os dezoito indicados podem ser vistos no site de VEJA.

O Prêmio VEJA-se pretende mostrar que, para muito além do que ocorre nos corredores burocráticos de Brasília, existe um país criativo, capaz de alimentar grandes saltos a partir de pequenos movimentos — o que representa um sopro de otimismo. Nas palavras de Roni Enara, a campeã na categoria Políticas Públicas com seu trabalho de formiguinha contra os desvios em prefeituras: “Nosso objetivo não é fazer uma caça aos corruptos, mas zelar pela qualidade na aplicação dos recursos públicos e construir um novo jeito de fazer política”. É desse novo jeito que o Brasil precisa.


Cultura | Katiana Pena

KATIANA-PENA-PREMIO-VEJA-SE-2018
(Pablo Saborido/VEJA)
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Bom Jardim é um dos bairros mais violentos de Fortaleza. Ali nasceu, cresceu e vive até hoje a bailarina Katiana Pena. Em um pequeno circo local, ela começou a frequentar aulas de contorcionismo e equilibrismo. Formada em dança, habilidosa e celebrada, viajou pelo mundo, mas decidiu voltar a seu canto para retribuir o que a vizinhança lhe proporcionara na infância. Criou, então, um dos cursos de dança mais concorridos do Ceará, origem do Instituto Katiana Pena, em que mais de 500 jovens frequentam aulas de dança e aproveitam para fazer reforço escolar.


Políticas Públicas | Roni Enara

RONI-ENARA-PREMIO-VEJA-SE-2018
(Pablo Saborido/VEJA)

Incrédula ao tomar conhecimento de um escândalo de corrupção que desfalcou em 115 milhões de reais os cofres de Maringá (PR), no início dos anos 2000, Roni Enara fundou, em 2005, o Observatório Social de Maringá. A entidade é formada por voluntários que fiscalizam editais e licitações suspeitos de fraude em 135 cidades de dezesseis estados. A instituição também promove cursos para capacitar pequenos empresários a participar de certames públicos. Roni estima que o trabalho tenha ajudado o setor público a poupar pelo menos 3 bilhões de reais.

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Saúde | José Carlos Gaspar

JOSE-CARLOS-GASPAR-PREMIO-VEJA-SE-2018
(Pablo Saborido/VEJA)

A morte da filha de 23 anos, em decorrência de um choque anafilático, foi o gatilho para que o obstetra José Carlos Gaspar mudasse sua vida e a de milhares de pessoas.
Ele criou o Centro de Parto Normal Marieta de Souza Pereira, na periferia de Salvador, que se dedica a oferecer atendimento gratuito a grávidas. Sete anos e 4 000 partos depois, a maternidade registra o menor índice de episiotomia (corte feito no períneo para facilitar o nascimento) do Brasil: 0,12%. O resultado é uma vitória num país que está entre os campeões mundiais de cesáreas.


Educação | Adalberto Marques

ADALBERTO-MARQUES-PREMIO-VEJA-SE-2018
(Pablo Saborido/VEJA)
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Ao saírem de centros de internação, muitos menores infratores entram diretamente no crime. Para mudar essa realidade, o professor de matemática Adalberto Marques criou oficinas de robótica, capoeira, pintura, costura e empreendedorismo no Centro de Atendimento Socioeducativo de Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife. Resultado: a frequência às aulas chegou a 84% em 2018, ante 53% nas outras unidades do estado. Seu trabalhou transformou a instituição em referência na área socioeducativa.


Inovação | juliana Maia

JULIANA-MAIA-PREMIO-VEJA-SE-2018
(Pablo Saborido/VEJA)

Graduada em engenharia ambiental, Juliana Maia percebeu que existia um gargalo na região metropolitana de Pernambuco na reciclagem de vidro laminado — produto composto de vidraça e plástico. Para dar destinação adequada ao material, só havia duas maneiras: viajar 3 000 quilômetros até São Paulo ou descartá-lo irregularmente em aterros sanitários. Sua ideia foi desenvolver uma máquina específica para reciclá-lo. A empresa de Juliana, a Nova Brasil Ambiental, produz hoje mais de 230 toneladas de vidro reciclado por mês.

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Diversidade | Carolina Ignarra

CAROLINA-IGNARRA-PREMIO-VEJA-SE-2018
(Pablo Saborido/VEJA)

Em 2001, Carolina Ignarra sofreu um acidente que a deixou paraplégica. Na época, aos 22 anos, ela dava aulas de ginástica laboral em uma empresa. Três meses depois do acidente, não só foi convidada a voltar ao trabalho como também incumbida de treinar outros professores de atividade física. A experiência a levou a fundar a Talento Incluir, empresa especializada em recrutar pessoas com deficiência. Seu mérito: escolher funcionários qualificados para as vagas, e não apenas fornecer mão de obra para cumprir cotas de contratação de deficientes.

Publicado em VEJA de 2 de janeiro de 2019, edição nº 2615

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