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Enfim, vai bater no bolso

Os EUA taxam produtos da China. A China taxa produtos dos EUA. É o novo capítulo da guerra comercial, que logo começará a morder a carteira dos americanos

Por Marcelo Sakate Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 set 2018, 07h00 - Publicado em 21 set 2018, 07h00

A guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta ganhou contornos graves nos últimos dias com a decisão dos governos dos Estados Unidos e da China de ampliar as retaliações de forma recíproca. É uma péssima notícia para a economia global, que se beneficia da expansão dos dois países. O presidente americano Donald Trump decidiu cobrar uma tarifa extra de 10% sobre produtos chineses, que, somados, representam 200 bilhões de dólares de importações do país asiático. Em resposta, o governo chinês, sem demora, adotou medida semelhante que incide sobre mercadorias americanas num montante menor, de 60 bilhões de dólares.

Foi a segunda rodada de sanções comerciais entre os dois governos. Em abril, o volume afetado pelas taxas adicionais havia sido de 50 bilhões de dólares para cada lado. A diferença, desta vez, é que a lista de produtos chineses afetados inclui eletrônicos, alimentos, móveis, roupas e artigos diversos, como luzes para Natal, ração animal e até malas e bicicletas. Ou seja, haverá impacto direto sobre os consumidores americanos, que passarão a pagar mais caro por tudo isso. No caso chinês, o consumidor será menos afetado, porque a maior parte dos bens sobretaxados é de uso industrial. Nem a mobilização do setor varejista americano demoveu Trump: centenas de representantes foram a Washington apresentar as estimativas de prejuízos com as novas tarifas de importação. O lobby incluiu até o Walmart, que responde por 10% de todas as vendas no varejo dos EUA.

A política protecionista de Trump foi uma de suas principais promessas de campanha. Ele alega que a economia americana sai perdendo nas trocas comerciais com outros países e que é preciso endurecer as negociações para buscar um reequilíbrio. Tem sido assim nas conversas com o México e o Canadá sobre o Nafta, o acordo de livre-comércio entre os três países. É fato que os Estados Unidos acumulam déficit na balança comercial com o resto do mundo: no ano passado, a conta (exportações menos importações) ficou negativa em 552 bilhões de dólares. O que o republicano despreza são a receita e os empregos gerados por empresas americanas que vendem para outros países e que mantêm operações no exterior. E o impulso ao comércio com a venda de mercadorias importadas mais baratas.

Com a China, a reclamação vai além do comércio. Trump acusa o país de se apropriar de forma indevida do desenvolvimento dos EUA ao exigir que as empresas americanas ali instaladas transfiram sua tecnologia aos chineses. Trump quer derrubar a exigência. “É uma disputa em que não dá para avançar só na base do diálogo. A retaliação era esperada porque é uma das armas possíveis”, diz Lia Valls, da Fundação Getulio Vargas. É também uma guerra geopolítica em que as duas partes buscam demonstrar força perante o mundo e sua população. Por ora, nenhum lado cedeu. Mas isso pode mudar agora com o impacto sobre o consumidor.

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Com reportagem de Flávio Ismerim

Publicado em VEJA de 26 de setembro de 2018, edição nº 2601

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