Como se iniciou o seu contato com jogadores? Em 1993, eu era promoter de uma churrascaria no Rio e conheci Renato Gaúcho e Romário. Após a Copa de 1994, o mundo queria falar com Romário. Ele era marrentão com todos, mas comigo era carinhoso e atencioso. Somos amigos até hoje. Depois, conheci o Fenômeno. E Neymar.
Como conheceu Neymar? Ele estava no Santos, e eu fazia campanha no Twitter para ele ser convocado para a seleção. Nós nos conhecemos pessoalmente na churrascaria e criamos amizade e confiança.
Como é lidar com estrelas desse porte? Eu fico quietinho no começo. Na primeira vez que estive com Messi, foi apenas “olá, tudo bem?”. Depois, ele disse que eu era amigo do Neymar. Respondi: “Não sou amigo. Sou a tia louca dele”. Ele morreu de rir. Certa vez, estávamos indo para a Alemanha com o Suárez e eu falei no avião: “Ai, Suárez, sou apaixonado por você. Meu sonho é levar uma mordida sua”. Menino, o Messi riu tanto que quase passou mal.
O senhor acompanha futebol? Não, eu não entendo nada. Só sei quem é o goleiro e o juiz. Não gosto de quem sofre por futebol.
O futebol é machista. Sendo gay, foi difícil inserir-se nesse meio? Sei quais são os limites de uma brincadeira. Chamo os meninos de “delícia, gostoso”, mas com respeito. Tem gays que são muito abusados.
Já fez algum trabalho para os jogadores? Nunca. Às vezes, escuto piadinha sobre eu ser cafetão, que eu arrumo mulher para os jogadores. Como se eles precisassem da ajuda de alguém, né?
O senhor viaja muito. Fala outros idiomas? Meu amor, mal falo português! Na China, fiquei o tempo todo ao lado do Hulk, que, assim como eu, cresceu em Campina Grande, na Paraíba. Adoro a esposa e a sogra dele. A viagem foi um presentaço dele. Ele disse: “Vem, gaguinha, vem”. E me deu muito carinho. Carinho de amigo, viu?
Quem dá a melhor festa? Não sei, sou uma senhora de 48 anos. Mas acho que é o Neymar, porque ele é divertido, dança e conversa com as pessoas. Sou suspeito, porque sou fã do Juninho.
Qual a diferença dos boleiros de hoje para os do passado? Na época do Romário, era mais tranquilo. Não havia internet. Hoje, com as redes, há muito mais assédio e confusão.
O senhor ainda se apresenta como promoter. Quais suas fontes de renda? Tenho salário fixo de uma rádio como comentarista, sou colunista de um jornal no Rio e fui promoter até 2016. Mas minha maior fonte de renda são as minhas viagens, os eventos que faço, presenças vips, gravações de clipe. Meu Instagram é um sucesso.
Publicado em VEJA de 6 de setembro de 2017, edição nº 2546