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Morre o cineasta Nelson Pereira dos Santos, aos 89 anos

Por Da Redação Atualizado em 27 abr 2018, 06h00 - Publicado em 27 abr 2018, 06h00

O diretor que descobriu o Brasil

Paulistano do Brás, o jovem Nelson Pereira dos Santos não apenas adotou o Rio de Janeiro: ele o abraçou por inteiro num filme de estreia que anunciou uma revelação e uma revolução. Rodado em 1955, com recursos mínimos, Rio 40 Graus subia o morro e descia até a areia, ia à periferia e ao Pão de Açúcar, acompanhava uma “pelada” e olhava a gente festiva da então capital do país para descobrir nela facetas que o cinema até aquele momento ignorara. E, assim, abriu uma trilha larga para que outros diretores se aventurassem num Brasil ainda por descobrir, e o filmassem de um jeito mais veraz. O neorrealismo de Rio 40 Graus foi a fundação do Cinema Novo — do qual Santos foi expoente, com trabalhos como Boca de Ouro (1963) e sobretudo Vidas Secas (1963).

Filmada sob o sol chapado do sertão nordestino em um contraste de luz e sombra que era em si um personagem, a adaptação de Santos para o romance de Graciliano Ramos tornou-se um marco: em lugar da prosa, usava as distensões do tempo cinematográfico e a austeridade da encenação para traduzir a aridez da vida de uma família fustigada pela seca. Se o golpe militar de 1964 tirou do diretor algo de seu ímpeto, em nada diminuiu sua versatilidade. No afiado Como Era Gostoso o Meu Francês (1971) e no vigoroso O Amuleto de Ogum (1974), o diretor fez um cinema tão exuberante quanto o de Vidas Secas fora contido.

Ele teria ainda um grande sucesso (Estrada da Vida, de 1980) e um filme de prestígio (Memórias do Cárcere, mais uma vez da obra de Graciliano, em 1984). Mas foi se reencaminhando para o documentário, como se numa admissão de que nada mais poderia dar conta do país cuja realidade ele fora pioneiro em descortinar. Nelson Pereira dos Santos morreu no sábado 21, aos 89 anos, no Rio, de complicações de um tumor hepático.


A batida de uma geração

A cultura da música eletrônica, um dos movimentos de maior força entre os jovens deste século, perdeu um de seus pilares na sexta-feira 20. O sueco Tim Bergling, que atendia pela alcunha de Avicii, começou a trabalhar como DJ com apenas 16 anos, postando remixes em fóruns da internet. A fama instantânea entre seus pares veio em 2011, aos 21 anos, com o single Levels, que viralizou rapidamente. Desde então, tudo o que ele tocava virava ouro, espraiava-se espetacularmente — ao menos do ponto de vista comercial, porque os colegas de vanguarda, a vanguarda da vanguarda, consideram suas batidas um pouco pop demais. O grande hit de Avicii é Wake Me Up, de 2013, cujo clipe mostra uma garota descolada que é alvo de olhares preconceituosos em uma cidade rural e só se sente à vontade numa festa rave. O resultado: em torno de 1,6 bilhão de visualizações no YouTube. O músico foi encontrado morto na cidade de Mascate, em Omã, onde passava férias. Provavelmente, sucumbiu a males causados por anos de abuso de drogas — o que o faz, tristemente, um símbolo escarrado de uma geração. Tinha 28 anos.

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Adeus a uma voz famosa

O rosto de Waldyr Sant’anna não era reconhecido nas ruas. Sua voz, sim. O dublador carioca emprestou o timbre a Homer Simpson, de Os Simpsons, e a astros de Hollywood cujos filmes passam à tarde na TV aberta, como o comediante Eddie Murphy. Morreu no sábado 21, aos 81 anos, de causa não revelada, no Rio de Janeiro.


O algoz de 1986

Henri Michel era o treinador da seleção da França que, na Copa do Mundo de 1986, despachou o Brasil de Telê Santana nas quartas de final, nos pênaltis. Ele comandou os franceses de 1984 a 1988. Morreu na terça-feira 24, aos 70 anos, de câncer.

Publicado em VEJA de 2 de maio de 2018, edição nº 2580

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