Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Datas

Aos 81 anos, morre a militante sul-africana contra o apartheid Winnie Mandela

Por Da Redação Atualizado em 30 jul 2020, 20h23 - Publicado em 7 abr 2018, 06h00

Do encanto à decepção

A cena do reencontro foi cinematográfica: em 11 de fevereiro de 1990, Nelson Mandela saiu da cadeia, onde passara 27 anos, de mãos dadas com a mulher, Winnie Mandela, ambos de punho erguido e aclamados por uma multidão. Eram os estertores do regime do apartheid na África do Sul, e o casal, que havia se unido em 1958, tido duas filhas e passado apenas cinco anos junto, voltava a viver sob o mesmo teto: ele, herói da luta antissegregação; ela, sua companheira e o principal canal de contato com o mundo exterior, suportando bravamente prisões, torturas, perseguição, privação e banimento — sem perder a garra e o espírito de luta. Mandela nunca deixou de brilhar. Winnie, sim: naquele momento de glória, já tinha a biografia empanada por seguidas mostras de infidelidade, por gestos de arrogância e ostentação e, pior, por pesadas acusações de homicídio e corrupção. Pelo resto da vida, a “mãe da nação”, como era chamada no auge do prestígio, se equilibraria entre a fama de mulher guerreira e carismática, preservada sobretudo entre os mais pobres, e a prestação de contas à Justiça por diversas denúncias de desvio de dinheiro e cumplicidade em oito assassinatos políticos.

Mandela anunciou a separação em 1992 e divorciou-se dela quatro anos depois — no processo, alegou que Winnie tinha um caso com outro homem e nunca, desde sua libertação, “entrou em meu quarto enquanto eu estava acordado”. Ele se casaria outra vez, com a moçambicana Graça Machel, mas Winnie jamais abdicou da posição de mulher de Mandela, tanto na vida pessoal quanto na política. No enterro dele, em 2013, postou-se ao lado do caixão, toda de preto, como viúva inconsolável. Winnie Mandela morreu na segunda-feira 2, aos 81 anos, segundo a família “depois de uma longa enfermidade”, em Soweto, o simbólico bairro de Joanesburgo, onde vivia. Será enterrada com honras oficiais no dia 14.


A maior rival da malária

O casal genial - Ruth e Victor Nussenzweig: pioneiros em sua área (Fernando Cavalcanti/.)

Ruth Nussenzweig teve uma vida exemplar de dedicação à ciência. Entregou-se ao combate a uma doença que mata cerca de 400 000 pessoas todos os anos: a malária. Nascida em Viena, na Áustria, chegou ao Brasil em 1939, aos 11 anos, com os pais, que fugiam do nazismo e dos ataques aos judeus na Europa. Com 18 anos, nos bancos do curso de medicina da USP, conheceu Victor Nussenzweig, um comunista de carteirinha que foi convencido por Ruth a investir todo o conhecimento na saúde pública, e não em consultórios particulares. Formaram um belo par. Entre 1958 e 1960 o casal viveu em Paris, onde ela fez pós-doutorado, e, em seguida, nos Estados Unidos, trabalhando na New York University. Eles retornaram ao Brasil em 1965, mas, com medo da ditadura militar, tomaram o caminho de volta para o exílio. Ruth publicou um pioneiro artigo sobre malária, em 1967, no qual demonstrou como impedir em ratos o ciclo do protozoário causador da doença. Ao lado de Victor, desvendou em 1980 o elemento que neutralizava a malária: uma alteração nos ovos do mosquito. As descobertas levaram à criação da vacina RTS,S, em testes na África. Ela e o marido foram sempre cotados para o Nobel. Ruth morreu no domingo 1º, aos 89 anos, de embolia pulmonar, em Nova York. Victor tem 89 anos.

Publicado em VEJA de 11 de abril de 2018, edição nº 2577

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.