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Carta ao Leitor: Equívoco completo

Já seria ruim se o general Villas Bôas tivesse vindo a público falar na condição de cidadão. Para piorar, falou em nome do Exército brasileiro

Por Da Redação Atualizado em 4 jun 2024, 17h51 - Publicado em 7 abr 2018, 06h00
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  • Villas Bôas, comandante do Exército - Ele não escreveu nada muito novo, mas seria melhor ter ficado quieto  (Cristiano Mariz/VEJA)

    O comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas, já deu diversas demonstrações de ser um servidor público de irremovível apego à democracia. Em entrevista a VEJA, em abril do ano passado, ele revelou ter sido procurado por parlamentares ligados à então presidente Dilma Rousseff pouco antes do início do processo de impeach­ment. A comitiva o sondou sobre a possibilidade de decretar o estado de defesa — o que o general rechaçou, categoricamente, e considerou uma saída irresponsável.

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    Na terça-feira 3, contudo, Villas Bôas traiu o próprio histórico democrático. Foi ao Twitter, na véspera da decisiva sessão do STF sobre o habeas-corpus do ex-presidente Lula, e publicou dois textos. No primeiro, escreveu: “Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do país e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais”. Depois, acrescentou: “Asseguro à nação que o Exército brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”.

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    São textos lamentáveis. O problema, é claro, não está no que disse o general, ideias com as quais, aliás, a maioria dos brasileiros concorda. O problema está no fato de o general ter dito. Há razões poderosas para que a Constituição — aquela mesma que o general quer ver respeitada do primeiro ao último artigo — impeça os militares de se envolver em assuntos da vida pública, dando opiniões políticas ou jurídicas. E uma delas é evidente por si só: militares têm armas, tanques, munição — e, exatamente por isso, sua voz pública, dada sua força desproporcional, desequilibra a balança da democracia.

    Já seria ruim se o general tivesse vindo a público falar na condição de cidadão, pois não há como desvestir-se de seu alto posto militar. Para piorar, falou em nome do Exército brasileiro, o que torna sua manifestação um equívoco completo. Quando mais não seja porque, na última vez em que entraram na vida política da nação, os militares implantaram um regime autoritário que durou duas décadas e deixou uma memória traumática. Em matéria de política, o silêncio dos militares é a melhor garantia de que o Exército compartilha o anseio de todos os cidadãos de bem.

    Publicado em VEJA de 28 de março de 2018, edição nº 2575

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