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Ao encontro do universo

Ao privilegiar o diálogo entre a física tradicional e a quântica, Stephen Hawking levou longe a ciência, em busca de uma teoria que explicasse o cosmo

Por Rinaldo Gama Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 20h00 - Publicado em 21 dez 2018, 07h00

Em sua estupenda biografia sobre Albert Einstein (1879-1955), o americano Walter Isaacson destaca que o físico alemão continuou dando contribuições relevantes à ciência até 1925 — ou seja, duas décadas depois de publicar sua teoria da relatividade especial e três anos depois de ganhar o Nobel. A partir dali, observa Isaacson, Einstein passou a resistir aos avanços da física quântica, mergulhando numa fracassada teoria do campo unificado, com a qual pretendia explicar toda a estrutura do universo.

Stephen Hawking, o gênio nascido em Oxford que ocupou a mesma cadeira de Isaac Newton na Universidade de Cambridge, sempre atentou para o pensamento de Einstein. No entanto, ao contrário do cientista alemão, o inglês não se estranhou com a física quântica na hora de desenvolver o próprio trabalho — marcado pelo estudo dos mistérios do universo, especialmente os que cercam os buracos negros. Opondo-se à polarização entre a física tradicional e a quântica, Hawking tentou criar uma teoria única que unisse as duas — a “teoria de tudo”, expressão que batizaria o filme sobre sua vida. Dirigido por James Marsh, o longa, de 2014, foi um sucesso e deu ao ator britânico Eddie Redmayne, que interpretou o papel de Hawking, o Oscar da categoria.

Sucesso? Uma produção sobre um astrofísico que sofria de esclerose lateral amiotrófica (ELA) e só movimentava um dedo e os olhos conseguiu arrastar multidões para os cinemas e ainda consagrou o ator que o vivia na tela? Sim, foi exatamente isso que aconteceu. Não era para menos. A exemplo do que já ocorrera com Einstein — em 1921, durante sua primeira turnê nos EUA, 15 000 pessoas o seguiram em seu desfile em um comboio de 100 carros —, Hawking também foi uma celebridade. Sua formidável notoriedade começou com Uma Breve História do Tempo (1988), livro de divulgação científica que se tornou best-seller: vendeu mais de 10 milhões de exemplares.

A melhor explicação para a impressionante popularidade de Hawking foi dada pelo astrônomo americano Carl Sagan no prefácio da primeira edição de sua famosa obra: “Excetuando-se as crianças, poucas pessoas dedicam tempo a indagar por que a natureza é assim; de onde veio o cosmo ou se sempre aqui esteve; (…) por que é que nos lembramos do passado e não do futuro; e por que há um universo”. O mestre de Cambridge seria uma dessas poucas pessoas — com curiosidade infantil, inteligência e repertório avassaladores para estremecer o conhecimento em sua área.

Preso a uma cadeira de rodas e falando por meio de uma voz metálica que saía de um sintetizador, Hawking ia da física à metafísica. Para Sagan, Uma Breve História do Tempo era “também um livro sobre Deus… ou talvez sobre a ausência de Deus”. O cientista inglês queria encontrar o princípio de tudo — e, nessa trajetória, criou teorias que “abriram um universo de possibilidades que estão sendo exploradas pela Nasa e pelo mundo”, como atestou a agência espacial após sua morte. Hawking defendia a ideia de que no centro dos buracos negros haveria um ponto ínfimo, de densidade dita infinita, capaz de sugar até mesmo a luz. Entretanto, ele estimou que algo deveria conseguir escapar da imensa força gravitacional dos buracos negros. E o que escaparia?

Nesse ponto, o britânico dialogava com a física quântica: cada partícula existente possuiria um par, uma antipartícula; no momento em que a matéria fosse sugada pelo buraco negro, uma dessas partículas conseguiria se livrar da armadilha gravitacional. Com justiça, a “partícula fugitiva” passou a ser chamada de “radiação Hawking”. Essa e outras ideias do extraordinário astrofísico inglês continuarão a iluminar a física — até que surja, um dia, a teoria que explique tudo. Stephen Hawking morreu em 14 de março, aos 76 anos, em decorrência da esclerose lateral amiotrófica que o acometia, em Cambridge.

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Guerra e paz

(David Hume Kennerly/Getty Images)

George Bush, ex-presidente americano

Não deixa de ser surpreendente o modo como George H.W. Bush, que presidiu os Estados Unidos entre 1989 e 1993, conseguiu se impor tanto pela guerra como pela paz. Pela guerra: em 1991, à frente de uma coalizão de 32 países, seus comandados liquidaram em menos de 100 horas, na famosa Operação Tempestade no Deserto, as forças de Saddam Hussein que haviam invadido o Kuwait. Bush, vale lembrar ainda, era um herói de guerra: em 1944, durante o conflito mundial, teve seu avião abatido, foi resgatado por um submarino — e acabou sendo condecorado por bravura. Pela paz: também em 1991 — dois anos após a queda do Muro de Berlim e meses antes do colapso da URSS —, Bush assinou com o então líder soviético Mikhail Gorbachev um acordo de desarmamento, o Start. Sua morte mobilizou manifestações de admiração tanto da parte do atual presidente americano, o republicano Donald Trump — cujo primeiro passo para chegar à Casa Branca foi superar as intenções de Jeb, filho de Bush, para o mesmo cargo —, como do mandatário anterior, o democrata Barack Obama. Disse Trump: “Com sua essencial autenticidade, engenho aguçado e compromisso inabalável com a fé, a família e o país, Bush inspirou gerações de compatriotas americanos para o serviço público”. Obama foi até mais longe: “Ele expandiu a promessa da América aos novos imigrantes e às pessoas com deficiência. Reduziu a ameaça das armas nucleares e construiu uma ampla coalizão internacional para expulsar um ditador do Kuwait. E, quando as revoluções democráticas floresceram no Leste Europeu, foi sua mão firme e diplomática que conseguiu terminar com a Guerra Fria sem efetuar um único disparo”. Bush, que sofria de Parkinson, morreu em 30 de novembro, aos 94 anos, em Houston, no Texas.

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(David Turnley/Corbis/VCG/Getty Images)

Winnie Mandela, ativista sul-africana, ex-mulher de Nelson Mandela

Durante os 27 anos que Nelson Mandela passou na cadeia, Winnie — com quem ele era casado, tivera duas filhas e vivera apenas meia década sob o mesmo teto — foi seu principal canal de contato com o mundo exterior. Militando na causa anti-apartheid, da qual seu marido era o ícone máximo, ela resistiu a prisões, torturas, perseguição e banimento. Entretanto, ao contrário de Mandela, dono de uma admirável biografia, Winnie teve a sua manchada por denúncias de cumplicidade em assassinatos políticos, desvio de dinheiro — e até infidelidade (o casal se divorciou em 1996). Nelson Mandela chegou a se casar de novo — com a moçambicana Graça Machel —, mas no seu funeral, em 2013, Winnie fez questão de postar-se ao lado do caixão, vestida de preto e expressando sofrimento. Ela morreu em 2 de abril, aos 81 anos, “depois de longa enfermidade”, segundo familiares, em Soweto, palco de históricos protestos dos negros.

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(Richard Kalvar/Magnum Photos/Fotoarena/.)

Kofi Annan, diplomata ganês

Ele foi o primeiro negro a comandar a ONU — ocupou o cargo de secretário­-geral entre 1997 e 2006. Por seu trabalho humanitário à frente da entidade ganhou o Nobel da Paz em 2001. No entanto, ao deixar o posto, Annan ressaltou muito mais seus erros que os acertos. Para ele, o maior fracasso de sua gestão foi não ter conseguido evitar a Guerra do Iraque, no rastro dos atentados às torres gêmeas em Nova York. Do Iraque veio também outro abalo para Annan: o suposto envolvimento de seu filho Kojo em fraudes de um programa desenhado para ajudar a população. O diplomata jamais deixou de admitir as derrotas que sofreu — o que dá bem a medida de seu caráter. Kofi Annan morreu em 18 de agosto, aos 80 anos, de causa não revelada, em Berna, na Suíça.

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Direitos humanos e ética política

(Patricia Santos/Estadão Conteúdo)

Hélio Bicudo, jurista brasileiro

A trajetória do paulista Hélio Bicudo foi marcada por uma dupla condição: a de defensor dos direitos humanos (de “todos” os humanos, e não apenas, como se tornou frequente dizer agora, “dos humanos direitos”) e a de guardião da ética na política (de toda a política, seja ela de direita ou de esquerda). Assim, por exemplo, na década de 70, ele se lançou contra a organização clandestina Esquadrão da Morte e denunciou os excessos do delegado Sérgio Fleury, um símbolo da repressão no Brasil da ditadura. Em 2015, assinou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, ao lado de outro jurista, Miguel Reale Jr., e da professora de direito Janaina Paschoal, recém-eleita deputada estadual (SP). Entre os dois momentos, participou da fundação do PT — com o qual se desiludiu depois do mensalão, em 2005. Morreu em 31 de julho, aos 96 anos, em decorrência de um AVC, em São Paulo.


O sabor da fama

(Nicolas Le Corre/Gamma-Rapho/Getty Images)

Paul Bocuse, chef francês

“Os chefs choram em suas cozinhas, no Elysée e em toda a França”, disse o presidente francês Emmanuel Macron ao se pronunciar a respeito da morte do compatriota Paul Bocuse. Macron, na verdade, foi modesto: a perda de Bocuse consternou o mundo, como ocorre quando um ídolo pop internacional parte para sempre. Pudera: Bocuse se tornou célebre como um dos fundadores, na década de 70, da ­nouvelle cuisine (nova cozinha), caracterizada pelo uso de ingredientes frescos, pela leveza e pela delicada apresentação dos pratos. À frente do L’Auberge du Pont de Collonges, ele comandava um império que se espalhou por várias nações. Paul Bocuse, que sofria de Parkinson, morreu em 20 de janeiro, aos 91 anos, em Lyon.


A história em campo e nas quadras

Maria Esther Bueno, tenista brasileira

O ano de 1958 nunca terminou para o esporte brasileiro não apenas por causa da conquista da Copa do Mundo. Para além da extraordinária dupla Pelé e Garrincha, 1958 elevou à categoria de estrela desportiva a paulistana Maria Esther Bueno, depois de sua vitória no clássico torneio de ­Wimbledon. Aquele, porém, foi apenas seu primeiro grande feito internacional. Ela venceria na quadra inglesa em mais quatro oportunidades e ainda subiria ao ponto mais alto do pódio no US Open, em Roland Garros (França) e no Australian Open. Por quatro vezes foi eleita a melhor tenista do planeta (para se ter uma ideia, o catarinense Gustavo Kuerten, o Guga, só chegou lá em uma ocasião, em 2000). O talento da jogadora ficou evidente quando ela ganhou o campeonato brasileiro, na categoria adulto, aos 14 anos. A tenista morreu em 8 de junho, aos 78 anos, em consequência de um câncer na boca, em São Paulo.

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(//Divulgação)

Aldyr Schlee, cartunista, jornalista e escritor brasileiro

O gaúcho Aldyr Schlee tinha apenas 19 anos quando se armou de pincel e tinta guache para desenhar um jogador de futebol vestindo camisa amarela, com gola e mangas verde-bandeira, calção azul com listras brancas nas laterais e meias brancas com duas faixas, uma verde e a outra amarela, no alto do cano. Não fez isso por distração: Schlee decidira participar do concurso promovido pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD) e pelo jornal carioca Correio da Manhã para a escolha do novo uniforme da seleção brasileira. Desde a derrota para o Uruguai na Copa de 1950, o visual do time — camisa branca com detalhes azuis — caíra em desgraça. Schlee concorreu com 300 propostas, e levou a melhor. “Fiquei louco”, contava ele sobre o momento em que soube do resultado. O caricaturista se tornaria professor de direito, jornalista premiado e contista. No entanto, seu nome jamais seria dissociado do uniforme que deu à seleção o apelido de Canarinho. Schlee morreu em 16 de novembro, aos 83 anos, de um câncer de pele que atingiu o fígado e os pulmões, em Pelotas.

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Bebeto de Freitas, técnico de vôlei brasileiro

A chamada “geração de prata” do vôlei brasileiro tem um sinônimo: o carioca Paulo Roberto de Freitas. Conhecido como Bebeto de Freitas, ele foi o técnico que levou a seleção até a final da categoria na Olimpíada de Los Angeles, em 1984. Mesmo ficando apenas com a medalha de prata — o time perdeu para os Estados Unidos por 3 sets a 0 —, o Brasil passou a integrar, a partir dali, a elite do vôlei internacional, na qual se encontra até hoje. Bebeto se aposentou como técnico do esporte após vencer o Mundial dirigindo a seleção da Itália em 1998. Ao regressar para o Brasil, participou da diretoria de clubes de futebol. O último cargo que ocupou foi o de diretor administrativo do Atlético Mineiro. Bebeto de Freitas morreu em 13 de março, aos 68 anos, de infarto, em Vespasiano, na Grande Belo Horizonte.


A popularização dos PCs e dos games

(Kevin Cruff/Divulgação)

Paul Allen, empresário e filantropo americano, cofundador da Microsoft

Quando era aluno da Universidade de Washington, Paul Allen propôs a um antigo colega de escola, Bill Gates, então na Universidade Harvard, que deixasse os estudos para se dedicar a um ousado projeto que, juntos, eles puseram de pé — nada menos que a Microsoft, empresa cujo objetivo era desenvolver ferramentas capazes de popularizar os microcomputadores. Gates aceitou o convite. O resto é história. Na década de 80, a dupla produziu para a IBM um sistema operacional pensado para ser utilizado por leigos, o MS-DOS, que depois evoluiria para o onipresente Windows. À frente da companhia, Allen era o homem das ideias, enquanto Gates tocava os negócios em si. Teria continuado assim se ele não houvesse deixado a empresa em 1983 para lutar contra um linfoma. Depois de vencer sua primeira batalha contra o câncer, e já bilionário, Allen passou a se dedicar à filantropia. Ele morreu em 15 de outubro, aos 65 anos, vítima de uma recaída do linfoma, em Seattle.

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Mario Segale, empresário americano que inspirou o nome do protagonista do game Mario Bros

Ao alugar, no início da década de 80, um armazém de 5 500 metros quadrados a uma pequena empresa japonesa de games, Mario Segale, sem saber, estava entrando na história da indústria de entretenimento. Incomodado com o atraso nos pagamentos de sua inquilina — uma tal de Nintendo —, Segale dirigiu-se um dia ao armazém para fazer a cobrança. A equipe da companhia japonesa estava reunida, tentando encontrar o nome de um personagem do game Donkey Kong. Segale foi duro com o fundador da Nintendo americana, Minoru Arakawa, até que ele lhe prometeu pagar tudo rapidamente. Mal Segale virou as costas, Arakawa e seus funcionários tomaram a decisão de batizar o personagem com o primeiro nome do locatário — Mario. Quando ganhou um jogo próprio, ele passou a ser chamado de Super Mario Bros. O empresário costumava brincar que nunca recebera os royalties por haver inspirado o nome do protagonista de um dos mais famosos games do planeta. Mario Segale morreu em 27 de outubro, aos 84 anos, de causa não revelada, em Tukwila, nos Estados Unidos.

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Inquietudes e descobertas

(Jack Mitchell/Getty Images/Getty Images)

Bernardo Bertolucci, cineasta italiano

Se há uma palavra que pode sintetizar a obra do diretor e roteirista italiano Bernardo Bertolucci, é esta: inquietude. Ela está presente tanto no formidável A Estratégia da Aranha (1970), em que um rapaz investiga como se deu a morte de seu pai, assassinado pelas hostes fascistas, como no celebérrimo e muitas vezes censurado Último Tango em Paris (1972), no qual um viúvo de meia-idade e uma jovem irresistível se consomem em abrasadoras cenas de sexo. Isso para não falar do psicanalítico La Luna (1979), que trata da relação entre mãe e filho sob um viés explicitamente edipiano. Política e a subjetividade humana, como demonstram os exemplos citados, eram temas caros ao ci­neas­ta. Sua mestria para o épico também se torna incontestável a quem assiste a O Último Imperador (1987), longa sobre o derradeiro monarca chinês, aprisionado pelos comunistas, vencedor de nove Oscar — incluindo o de ­melhor diretor e o de melhor filme. Transgressor na linguagem e no conteúdo, e nada econômico na encenação, Bertolucci surgiu numa Itália que tinha, entre outros gigantes, Pier Paolo Pasolini (de quem ele foi assistente), Federico Fellini, Roberto Rossellini e Valerio Zurlini — e mesmo assim sobressaiu. Não há melhor prova de seu enorme talento. Bertolucci morreu em 26 de novembro, aos 77 anos, de câncer, em Roma.

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Milos Forman, diretor checo

A opressão foi uma personagem-chave na carreira de Milos Forman. Quando a Alemanha nazista invadiu a Checoslováquia, sua mãe, de origem protestante, foi mandada para um campo de concentração — ao que tudo indica, por haver se relacionado com um judeu, justamente o pai de Forman —, e lá acabaria morrendo. O cineasta deixou seu país natal no fim da década de 60, fugindo do autoritarismo comunista. Nos Estados Unidos, onde se estabeleceu, realizou o filme que o consagraria, Um Estranho no Ninho (1975), sobre um interno em um hospital psiquiátrico, que serve de metáfora para todo tipo de poder opressor. O longa faturou cinco Oscar, inclusive o de melhor filme e o de melhor diretor. Forman arrebataria outra estatueta máxima da Academia de Hollywood com a obra-prima que é Amadeus, retrato do genial Mozart. Formado pela Academia de Cinema de Praga, ele dirigiu ainda, entre outros trabalhos, Hair (1979), O Povo contra Larry Flint (1996), O Mundo de Andy (1999) e Sombras de Goya (2006). Morreu em 13 de abril, aos 86 anos, de causa não divulgada, em Danbury, Connecticut.

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(Rogerio Reis/.)

Nelson Pereira dos Santos, cineasta brasileiro

O paulistano Nelson Pereira dos Santos descobriu o Brasil para o cinema. Foi o neorrealismo de Rio 40 Graus (1955), seu longa de estreia, que lançou o cinema novo. Nele, Nelson mostrava o morro e a praia de um modo até então inédito. Em Vidas Secas (1963), o sertão nordestino surgia na tela com a mesma aridez que saltava das páginas do romance homônimo de Graciliano Ramos. O golpe militar de 1964 não entorpeceria o diretor. Se em 1980 ele filmou um autêntico sucesso de bilheteria, Estrada da Vida, quatro anos mais tarde fez um novo clássico, Memórias do Cárcere, outra vez apoiado em uma obra de Graciliano. Dali por diante, o cineasta foi se encaminhando mais e mais para o documentário, como se a realidade brasileira já não coubesse no realismo que praticara até então — ou, em outras palavras, como se o Brasil precisasse ser redescoberto. Nelson Pereira dos Santos morreu em 21 de abril, aos 89 anos, de complicações de um tumor hepático, no Rio de Janeiro.

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Protagonismo nas telas e nos palcos

(Arquivo/Agência O Globo)

Tônia Carrero, atriz brasileira

Certa vez perguntaram à carioca Maria Antonietta Portocarrero qual era a maior qualidade de uma atriz. “Nascer com uma estrela na testa”, respondeu ela, de forma assertiva. Tônia Carrero nasceu com uma estrela na testa. A versatilidade para interpretar, com arrebatamento, sobretudo no teatro, personagens de autores tão distintos como Jean-Paul Sartre e Plínio Marcos talvez tenha sido seu trunfo mais evidente. É verdade que Tônia também tinha uma beleza desconcertante — os olhos azuis a faziam ofuscar o Rio, como disse o cronista Paulo Mendes Campos. Mas nenhum lance de sorte ou atrativo físico, por si sós, a teriam colocado tão alto na galeria de atrizes do país. Filha de um general que apreciava a arte dramática e de uma mulher que jamais aceitou a ideia de vê-la no palco, Tônia foi estudar teatro em Paris pouco depois de ser mãe, aos 21 anos — casara-se aos 18 com o cenógrafo Carlos Thiré, pai de seu único filho, o ator e diretor Cecil Thiré. A estreia profissional como atriz foi no cinema, em Querida Suzana (1947), de Alberto Pieralisi. Dois anos mais tarde, ela chegaria aos palcos em Um Deus Dormiu Lá em Casa, de Guilherme Figueiredo, numa montagem do TBC, companhia de Adolfo Celi, que se tornaria seu segundo marido. Na TV alcançaria popularidade em novelas como Pigmalião 70, de Vicente Sesso (1970), e Água Viva, de Gilberto Braga (1980), ambas exibidas na Globo. Tônia morreu em 3 de março, aos 95 anos, ao sofrer uma parada cardíaca em uma cirurgia de úlcera, no Rio.

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(TV Globo/Divulgação)

Beatriz Segall, atriz brasileira

“Quem matou Odete Roitman?”, perguntava-se o Brasil inteiro, referindo-se a uma megera ricaça que roubara a cena em Vale Tudo, novela de Gilberto Braga exibida no horário nobre da Globo entre maio de 1988 e janeiro de 1989. Na pele da elegantíssima vilã estava a carioca Beatriz Segall, que jamais conseguiu se desvincular da personagem. Compreensível: o refinamento da milionária malvada se confundia com o da atriz. “Aceito plenamente o lado civilizado de Odete Roitman. O que não aceito são seus meios para conseguir manter os privilégios”, disse Beatriz em uma entrevista a VEJA. Filha do diretor de um prestigioso colégio do Rio, ela teve educação esmerada — chegou a trabalhar como professora de francês antes de mergulhar na carreira artística — e se casou com Maurício Segall, filho do pintor lituano Lasar Segall e de Jenny Klabin, oriunda de uma tradicional família de São Paulo. A atriz já havia se destacado no teatro e feito outras novelas do próprio Braga quando explodiu com seu papel em Vale Tudo. Parte do sucesso daquela mulher sem escrúpulos se deve ao fato de que ela costumava soltar verdades que só a Lava-Jato confrontaria. “Neste país, se você não negocia com os canalhas, fica com um leque muito pequeno de opções”, disse Odete num capítulo, mostrando a cara do Brasil. A atriz morreu em 5 de setembro, aos 92 anos, de complicações respiratórias, em São Paulo.


Páginas da vida

(Elliot Erwitt/Magnum Photos/Fotoarena/.)

Philip Roth, ficcionista americano

Com seus primeiros contos, publicados na revista The New Yorker e depois reunidos na obra de estreia, Adeus, Columbus (1959), Philip Roth atraiu para si a pecha de “judeu que odeia judeus”, dadas as descrições implacáveis que fazia da comunidade judaica. Depois, ele seria alvo da ira feminista, rotulado de misógino. Com a publicação do romance O Complexo de Portnoy (1969), as duas críticas seriam ainda mais acirradas. Há, claro, farto material autobiográfico na ficção de Roth. Entretanto, seu maior mérito foi produzir possivelmente a mais desassombrada das crônicas da sociedade americana a partir da segunda metade do século passado. Em 2012, quando anunciou que havia posto um ponto-final em sua carreira, logo após a publicação de Nêmesis, Roth já era saudado como um nome incontornável da literatura em língua inglesa, com obras de peso indiscutível — caso de O Teatro de Sabbath (1995), Pastoral Americana (1997) e A Marca Humana (2000), para ficar em três exemplos. Distinguido com os maiores prêmios literários de seu país, como o Pulitzer e o National Book Award, ele foi esnobado pela Academia Sueca e jamais ganhou o Nobel — uma injustiça. Philip Roth morreu em 22 de maio, aos 85 anos, de insuficiência cardíaca, em Nova York.

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VS Naipaul, autor caribenho de origem indiana

Nascido em Trindade e Tobago, em uma família hindu, e tendo se estabelecido na Inglaterra, para onde se mudou na década de 50 a fim de estudar na Universidade de Oxford, Vidiadhar Surajprasad Naipaul era um homem sem pátria — cultivava, aliás, a condição de exilado. Em sua prosa elegante, nunca demonstrou nenhum sinal de nostalgia dos colonizadores europeus, do mesmo modo que não poupava a sociedade caribenha de críticas. “Odeie a opressão, tema os oprimidos”, diz, a certa altura, um dos personagens de seu festejado romance Os Mímicos (1967). Em 2001, o autor ganhou o Nobel de Literatura. Naipaul morreu em 11 de agosto, aos 85 anos, de causa não divulgada, em Londres.

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Tom Wolfe, jornalista e escritor americano

Reconhecido como um dos expoentes do new journalism — que mistura técnica literária com reportagem aprofundada —, Tom Wolfe era um admirador dos franceses Émile Zola e Honoré de Balzac. Por isso, tomou-os como modelo quando estreou na literatura com A Fogueira das Vaidades (1987). No romance, ele faz uma radiografia social da Nova York dos anos Reagan, com seu destempero financeiro. A obra coroou uma carreira de êxitos de um jornalista que capturou o espírito americano em livros como Radical Chic (1970) e Os Eleitos (1979). Ele morreu em 14 de maio, aos 88 anos, depois de se internar em um hospital para tratar de uma infecção, em Nova York.

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Carlos Heitor Cony, ficcionista e jornalista brasileiro

O carioca Carlos Heitor Cony acreditava que a ficção era o veículo adequado para o espanto, enquanto a crônica se moldava melhor na expressão da indignação — e soube, como poucos, exercer a vocação que creditava a ambas. Na literatura, explorou os percalços da existência, como se lê em Quase Memória (1995). Na pena de cronista, será lembrado em especial pela ousadia com que atacou a ditadura logo após o golpe de 1964. Cony morreu em 5 de janeiro, aos 91 anos, de falência de múltiplos órgãos, no Rio.

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Otavio Frias Filho, jornalista, dramaturgo e ensaísta brasileiro

Ainda em 1984, ano em que assumiu a direção da Folha de S.Paulo, o paulistano Otavio Frias Filho deu início a um processo de modernização não apenas do jornal de sua família mas da própria imprensa brasileira — que em 2018 perdeu também Alberto Dines e Audálio Dantas. Rigoroso, ele pregava um jornalismo “apartidário, plural e crítico”, orientado pelas várias versões do Manual da Redação e do Projeto Folha. Otavio morreu em 21 de agosto, aos 61 anos, em decorrência de um câncer iniciado no pâncreas, em São Paulo.


Heróis desenhados e reais

(Bob Chamberlin/Los Angeles Times/Contour/Getty Images)

Stan Lee, autor americano de quadrinhos

Até o início da década de 60, os super-heróis dos quadrinhos, que haviam surgido cerca de trinta anos antes, eram “super-­homens” em tudo. Não se detectava neles o menor conflito de emoções, dúvidas éticas ou existenciais. Foi então que Stanley Martin Lieber — ou Stan Lee —, trabalhando com os artistas Jack Kirby e Steve Ditko, criou uma galeria de heróis humanos, demasiado humanos. Com o Quarteto Fantástico (1961), Homem-Aranha e Hulk (1962), O Homem de Ferro e Os Vingadores (1963), Lee levou a editora Marvel ao topo do mercado — na época, ela só amargava derrotas para a rival DC Comics, que publicava as HQs do Superman, entre outras. O sucesso saltou das páginas das revistas para as telas de cinema, com cifras alcançando a casa dos bilhões de dólares. Lee morreu em 12 de novembro, aos 95 anos, de causa não revelada, em Los Angeles.

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Mort Walker, cartunista americano

A ainda curta trajetória de cartunista de Mort Walker foi interrompida quando ele, com apenas 20 anos, foi convocado para servir na Itália durante a II Guerra (chegou a dirigir um campo de prisioneiros). Após retornar para os Estados Unidos e concluir o curso de artes na Universidade do Missouri, Walker inspirou-se em um colega alto e magro que tivera no Exército para desenhar o Recruta Zero. Suas histórias atingiram 200 milhões de leitores em mais de cinquenta países — fazendo do personagem um marco dos quadrinhos. O cartunista morreu em 27 de janeiro, aos 94 anos, de pneumonia, em Connecticut.

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(//Divulgação)

Stephen Hillenburg, animador e desenhista americano

Trabalhando como professor de biologia, Stephen Hillenburg começou a desenhar com o propósito de produzir material didático. Acabou extrapolando essa intenção original. Lançada em 1999 pela Nickelodeon, sua animação Bob Esponja rapidamente conquistou o público. Não só o infantil: no início dos anos 2000, as crianças constituíam a minoria — 40% — dos espectadores; o restante era formado por adultos. O personagem, uma esponja marinha, virou filme, game etc. Com isso, a marca faturou até hoje 13 bilhões de dólares. A animação, contudo, também esteve envolvida em polêmica: conservadores consideraram Esponja homossexual. O criador nunca admitiu isso. Stephen Hillenburg, que sofria de esclerose lateral amiotrófica, morreu em 27 de novembro, aos 57 anos, na Califórnia.


Música para multidões

(Joel Saget/AFP)

Charles Aznavour, cantor e compositor francês

Mesmo que fosse somente pela longevidade da carreira — cravados 72 anos —, não seria exagero dizer que Charles Aznavour cantou o século XX como nenhum outro artista. É possível, porém, vê-lo desse modo sobretudo em razão de sua voz inigualável, misto de tenor com barítono. Com ela, Aznavour celebrou, entre outros temas, as dores de quem está, por assim dizer, em busca do tempo perdido — seja em La Bohème (1965), canção na qual um pintor se recorda, saudoso, da juventude passada no bairro parisiense de Montmartre (Paris), seja em Hier Encore (1955), em que um idoso lastima não ter mais 20 anos. E o que dizer das revelações de um casal após o sexo, cantadas por ele em Après l’Amour, também de 1955? Nascido em Paris, de pais armênios, Shahnourth Varenag Aznavourian tinha 1,60 metro e estava longe de exibir os traços de um galã. Mas sua voz poderosa compensava o que quer que fosse. Vendeu mais de 100 milhões de álbuns e gravou 1 400 canções, próprias ou alheias. Aznavour morreu em 1º de outubro, aos 94 anos, de uma parada cardiorrespiratória, em Mouriès, na França.

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(Robert Abbott Sengstacke/Getty Images)

Aretha Franklin, cantora americana

Filha de um respeitado reverendo, Clarence LaVaughn Franklin, amigo de Martin Luther King, a pequena Aretha cresceu imersa na música gospel das igrejas. Além disso, sua casa era frequentada por personalidades como Duke Ellington e Ella Fitzgerald. Assim, seus primeiros discos foram gravados na igreja do pai, quando Aretha tinha apenas 14 anos. Aos 18, ela foi contratada pela gravadora Columbia, que pretendia transformá-la numa diva do jazz e do blues. Não deu certo. Sete anos depois, na Atlantic, Aretha se consolidaria como a principal voz feminina, e feminista, da música negra — a “rainha do soul”. Em seis décadas de carreira, emplacou mais de vinte primeiros lugares nas paradas de sucessos dos EUA, com clássicos como I Never Loved a Man (The Way I Love You). Seu trabalho influenciou, por exemplo, Whitney Houston e Mariah Carey. Empenhada também na luta pelos direitos civis, Aretha cantou no funeral de Luther King. Ela morreu em 16 de agosto, aos 76 anos, de câncer, em Detroit.

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(Jack Mitchell/Getty Images)

Montserrat Caballé, cantora catalã

Escalada em 1965 para substituir uma colega doente em Lucrezia Borgia, ópera de Donizetti encenada no Carnegie Hall, em Nova York, a até então desconhecida soprano Montserrat Caballé foi aplaudida de pé por cinco minutos. Era o início de um reinado indisputável, que lhe rendeu o epíteto de La Superba (A Soberba). “Se não posso cantar, tenho a impressão de que não existo”, dizia ela. Montserrat Caballé morreu em 6 de outubro, aos 85 anos, de uma infecção na vesícula, em Barcelona.

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(Biblioteca Nacional/VEJA)

Angela Maria, cantora brasileira

“O palco é minha vida. Quero morrer cantando”, repetia Angela Maria aos amigos que, diante de sua idade avançada, sugeriam que saísse de cena. Por pouco não ocorreu exatamente isso. Dias antes de entrar em estúdio para gravar mais um disco, a cantora foi internada com uma infecção — e não saiu mais do hospital. Nos últimos tempos, a saúde lhe escapava: tinha diabetes e perdera a visão do olho esquerdo e 80% da visão do direito. Amparada por assistentes, rodava o país fazendo shows, numa rotina que havia começado na década de 50. Bem no início dessas apresentações, Agnaldo Rayol, então com 13 anos, a viu cantar em Natal. Mais tarde eles ficariam amigos e se apresentariam juntos inúmeras vezes. Nascida Abelim Maria da Cunha no interior do Rio, Angela chegou a trabalhar em uma fábrica de lâmpadas, mas acabou demitida porque cantava durante o expediente, fazendo com que o rendimento das colegas diminuísse. Brilhou em programas de rádio, nos mais variados gêneros — da valsa ao samba, passando pelo bolero. Sua interpretação de Babalu e Ave Maria no Morro se tornaria antológica. “Você tem a voz doce como o sapoti”, disse-lhe um dia Getúlio Vargas, cunhando o apelido que ela carregaria a vida inteira. A cantora morreu em 29 de setembro, aos 89 anos, depois de mais de um mês de internação — período no qual sofreu dois AVCs —, em São Paulo.

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(Bruno Veiga/.)

Ivone Lara, cantora brasileira

Antes de 1965, as mulheres tinham papéis inexpressivos na estrutura das escolas de samba — inclusive nas do Rio de Janeiro. Naquele ano, entretanto, a carioca Yvonne Lara da Costa entrou para a ala de compositores da Império Serrano. Ao lado de Silas de Oliveira e Bacalhau, ela compôs Os Cinco Bailes da História do Rio, até hoje considerado um dos mais belos sambas da história desse gênero tão popular. Depois viriam outros sucessos, como Alguém Me Avisou e Sonho Meu. O disco de estreia, Samba, Minha Verdade, Minha Raiz, só foi lançado em 1974. Entretanto, àquela altura, dona Ivone Lara não precisava mais “pisar no chão devagarinho”: na “roda de samba” já havia se juntado “aos bambas”. Ela morreu em 16 de abril, aos 96 anos, de insuficiência respiratória, no Rio.

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(Mario Anzuoni/Reuters)

Joe Jackson, empresário americano, pai de Michael Jackson

Ao ver um dia seu filho Tito tocar guitarra, Joseph “Joe” ­Jackson teve a ideia de sua vida: reunir a ala masculina da família em uma banda. Assim nasceu, em 1964, o Jackson Five, uma máquina de produzir hits da gravadora Motown. O mais novo do grupo — tinha 6 anos quando tudo começou — logo se destacaria. Era Michael Jackson. Autoritário, Joe se excedia na hora de preparar os filhos para as apresentações. Impunha a todos exaustivos ensaios das músicas e das coreografias que ele próprio criava. Com insuportável frequência, batia com o cinto nos garotos. O maior astro da família, Michael, foi também o que mais sofreu com os maus-­tratos físicos e as agressões verbais do pai-patrão. Joe Jackson morreu em 27 de junho, aos 89 anos, de câncer no pâncreas, em Los Angeles.

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José Antonio de Abreu, maestro e economista venezuelano, criador do programa El Sistema

Um regente diletante percorre a periferia da capital de um país sul-americano disposto a ensinar música erudita às crianças carentes. Décadas mais tarde, seu projeto de inclusão social se espalha por sessenta países. Não, essa não é uma ficção sentimental, feita sob encomenda para umedecer os olhos do público — é a história de El Sistema, criado pelo maestro e economista José Antonio Abreu em 1975. O programa já pôs mais de 1 milhão de meninas e meninos venezuelanos em contato com a música clássica, além de ter ramificações por toda parte, inclusive no Brasil. Durante sete governos, El Sistema não sofreu ingerência alguma do governo. Contudo, as coisas mudaram com o advento do chavismo: em troca de milhões de dólares, El Sistema aderiu ao bolivarianismo. Por causa disso, Abreu e o maestro Gustavo Dudamel — que ascendeu à condição de pop star da regência mundial a partir de seu trabalho no programa — passaram a ser criticados pelo silêncio que mantêm em relação à ditadura vigente na Venezuela. Ele morreu em 24 de março, aos 78 anos, de causa não revelada, em Caracas.


Ensaio sobre a beleza

(Robert Doisneau/Gamma-Rapho/Getty Images)

Hubert de Givenchy, estilista francês

“É bom já ter nascido com uma certa elegância”, acreditava o costureiro Hubert de Givenchy. Mas o que era elegância para ele? Pelo menos depois de 1953 ela atendia pelo nome Audrey Hepburn. Naquele ano, Givenchy conheceu a atriz belga — e, a partir dali, o padrão de beleza feminina seria modificado. Na ocasião, todas as atenções se voltavam para as insinuantes curvas de Marilyn Monroe e Elizabeth Taylor. Audrey, ao contrário, era do tipo mignon. Givenchy, que abrira seu ateliê em Paris pouco tempo antes, deslumbrou-se com ela — e a parceria dos dois durou quatro décadas e rendeu sete filmes. Criador de trajes que aliavam refinamento e simplicidade, Givenchy foi o estilista preferido das celebridades femininas de sua época, inclusive Jacqueline Kennedy — que já nascera com uma certa elegância. O costureiro morreu dormindo em 10 de março, aos 91 anos, em Paris.

Publicado em VEJA de 26 de dezembro de 2018, edição nº 2614

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