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Alguém se habilita?

Empresa ligada ao presidente do Congresso ganhou 1,6 milhão de reais muito nebulosos. Agora, quer devolver a grana, mas ninguém apareceu ainda para receber

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 out 2017, 06h00 - Publicado em 27 out 2017, 06h00

Os três anos de investigação da Operação Lava-Jato já produziram histórias curiosas envolvendo dinheiro e poder. As imagens do deputado correndo na rua com uma mala com 500 000 reais quase levaram à suspensão do mandato do presidente Michel Temer. A polícia apreendeu o dinheiro. Mais recentemente, descobriu-se que o ex-ministro Geddel Vieira Lima transformou um apartamento em um banco particular que guardava nada menos que 51 milhões de reais. O dinheiro também foi apreendido.

Ao contrário do que ocorreu nesses dois casos, nos cofres da Confederal, uma empresa de segurança de Brasília, há uma pequena fortuna à espera de um dono. É 1,65 milhão de reais, dinheiro proscrito desde que os investigadores passaram a seguir seu rastro. Dinheiro que ninguém quer.

Propina? Caixa dois? Negócios? Ainda não se sabe direito a origem dos recursos. A polícia considera todas as hipóteses. Pelo que se investigou até agora, o grupo Hypermarcas recebeu um pedido de doação eleitoral para a campanha do senador Eunício Oliveira, o atual presidente do Congresso. O portador dessa demanda foi Ricardo Augusto Lopes, sobrinho do parlamentar e dirigente da Confederal, empresa da família do senador. Vislumbrando ganhar um defensor no Congresso, a empresa decidiu colaborar — e o fez, como se diz, por fora, de maneira ilegal, como revelou Nelson Mello, um de seus executivos, em acordo de delação premiada. Segundo ele, foram repassados 5 milhões de reais — 3,35 milhões a duas fornecedoras de serviços da campanha e 1,65 milhão diretamente à Confederal. Para darem ares de legalidade a esse segundo repasse, as empresas assinaram um contrato de prestação de serviços.

REVISTA VEJA Data: 16.02.2017 Editoria: BRASIL Michael Temer, durante Cerimônia de Sanção da Lei do Novo Ensino Médio Na foto, o presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira. Local: Palácio do Planalto -Brasília - DF Foto: Sergio Dutti
Caixa dois – Eunício, o senador: o delator disse que era dinheiro de campanha (Sergio Dutti/VEJA)

Instado a se explicar, o presidente da Confederal afirmou que o contrato assinado entre sua empresa e o grupo Hypermarcas, ao contrário do que dizia o delator, era real. A Confederal havia recebido 1,65 milhão como pagamento por serviços de vigilância. Mas havia um problema nessa versão: o serviço fora contratado em 2014 e três anos depois ainda não havia sido prestado. Estranho. Procurado por VEJA, o sobrinho do senador, por intermédio de seu advogado, negou que o dinheiro fosse oriundo de propina ou tenha sido usado na campanha do tio ao governo do Ceará. O senador Eunício Oliveira nega que tenha recebido vantagens indevidas de quem quer que seja e também que tenha agido em favor da Hypermarcas. O parlamentar afirma que, desde a década de 90, está afastado do dia a dia da Confederal, comandada por seu sobrinho. Acuado pela delação do executivo da Hypermarcas e pelos fatos, Ricardo Lopes garante que o dinheiro nunca saiu do cofre da empresa, quer se livrar dele, mas ninguém até agora se habilitou a pôr a mão na bolada. Pode ser um blefe, uma simples tática de defesa. Mas talvez alguém queira se habilitar.

Publicado em VEJA de 1º de novembro de 2017, edição nº 2554

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