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A morte do decoro

Na Terça-Feira de Carnaval, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu superar a marca de Itamar Franco ao protagonizar um caso de vulgaridade inominável

Por Da Redação Atualizado em 8 mar 2019, 07h01 - Publicado em 8 mar 2019, 07h00
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  • No Carnaval de 1994, o Brasil chamou a atenção do mundo quando seu então presidente, Itamar Franco, trocou carícias e declarações apaixonadas com uma modelo sem calcinha que acabara de conhecer em um camarote da Sapucaí. A fotografia foi parar na capa de VEJA, saiu nos principais jornais do globo, gerou uma torrente sem fim de piadas — e os mais exaltados chegaram ao exagero de sugerir a renúncia do presidente, impeachment por “falta de decoro” e a antecipação do pleito de outubro daquele ano, que acabou elegendo Fernando Henrique Cardoso.

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    Passado o impacto inicial, o caso virou um verbete no folclore da política nacional ao qual se recorre para descrever uma autoridade que se comporta de modo abobalhado em público. Na Terça-Feira de Carnaval, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu superar a marca de Itamar ao protagonizar um caso de vulgaridade inominável. Com o objetivo de denunciar os excessos dos blocos carnavalescos, Bolsonaro divulgou em sua conta no Twitter um vídeo com imagens obscenas de dois homens durante o Carnaval (leia reportagem aqui), causando espanto mais ou menos generalizado, deflagrando as piadas de sempre e expondo o país ao ridículo internacional.

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    É bom não confundir os elementos. Uma coisa é um presidente ficar incomodado com comportamentos inaceitáveis em público, quer durante o Carnaval, quer fora dele. E o comportamento exibido no vídeo é execrável. Outra coisa, inteiramente diferente, é um presidente achar apropriado e adequado usar uma conta oficial de primeiro mandatário da República Federativa do Brasil para divulgar cenas de cunho pornográfico a pretexto de condená-las. Trata-se de uma dolorosa evidência de que Bolsonaro não faz ideia do tamanho, da dignidade e do decoro do cargo que ocupa.

    É um tremendo desalento confrontar a iniciativa patética do presidente com a realidade socioeconômica do país. O desemprego continua na estratosfera. A economia engatinha. O sistema de saúde precariza-se cada vez mais. As escolas públicas oferecem um ensino de qualidade claudicante. A reforma da Previdência é um imperativo incontornável para o qual toda a atenção é pouca.

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    Tudo isso compõe um cardápio de urgências do qual o Brasil não tem o direito de abrir mão. No entanto, o presidente acha que, entre as prioridades nacionais, está um vídeo repulsivo feito durante a folia de um bloco carnavalesco em São Paulo. Com esse comportamento, o presidente Bolsonaro fica menos presidente e mais Bolsonaro.

    Publicado em VEJA de 13 de março de 2019, edição nº 2625

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