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A divisão do centro

Na quarta edição do Amarelas ao Vivo, os candidatos deploram um segundo turno entre os extremos, mas não cogitam criar uma frente para evitar esse cenário

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 set 2018, 07h00 - Publicado em 21 set 2018, 07h00

Na eleição mais imprevisível da era democrática, já houve candidatos fazendo discurso, dando entrevistas em redações e estúdios ou participando de debates. Na quarta 19, VEJA promoveu algo diferente: reuniu cinco presidenciáveis num mesmo evento, o 4º Fórum Amarelas ao Vivo, realizado no Teatro Santander, em São Paulo, e os entrevistou, um a um, diante de uma plateia de mais de 400 pessoas. O saldo das conversas mostra que há uma preocupação aguda com o cenário mais provável para o segundo turno: uma disputa entre o direitista Jair Bolsonaro, do PSL, e o esquerdista Fernando Haddad, do PT — os candidatos posicionados nos extremos do espectro ideológico.

Para Alvaro Dias, o candidato do Podemos, com 3% nas pesquisas segundo o último levantamento do Datafolha, esse é um cenário “trágico”. Para o tucano Geraldo Alckmin, que se mantém com 9%, a eleição de Haddad representaria a “escuridão”, enquanto uma vitória de Bolsonaro seria um “salto no escuro”. Marina Silva, da Rede, cuja candidatura vem perdendo fôlego em ritmo acelerado, disse que, nesse hipotético segundo turno, o eleitorado teria de escolher entre o “autoritarismo de esquerda e o autoritarismo de direita” e acrescentou que a vitória do PT seria a volta da “convivência com a corrupção” e um triunfo do candidato do PSL configuraria o “saudosismo autoritário”. João Amoêdo, com 3% nas pesquisas, consultado sobre qual seria o seu voto num segundo turno entre os extremos, declarou que teria “muita dificuldade” em votar tanto em Haddad quanto em Bolsonaro. “Não os vejo capazes de fazer um governo para melhorar o Brasil”, disse. “O PT colocou o país na pior recessão da história, envolveu-se com o mensalão e o petrolão. Por outro lado, a outra pessoa está há 29 anos no Congresso e não consigo ver nenhuma realização. Só consigo me lembrar do candidato brigando com Maria do Rosário e Jean Wyllys, deputados federais, e elogiando um torturador.”

Apesar das preocupações com um confronto entre PSL e PT, nenhum dos candidatos considera a possibilidade de abrir uma nova empreitada com o objetivo de tentar salvar o país das opções extremadas. Ou seja: renunciar à própria candidatura em favor de um único nome que, vitaminado pela desistência dos demais, pudesse ganhar tração junto ao eleitorado e tornar-se uma opção viável, situada em algum ponto entre a centro-­esquerda e a centro-direita. Na quarta-­feira 19, o secretário-geral do PSDB, Marcus Pestana, chegou a fazer uma sugestão nesse sentido, até agora sem ressonância.

Acabam prevalecendo os interesses imediatos. Alckmin argumenta que sua candidatura é a única capaz de barrar a volta do PT, que ele considera que “já está no segundo turno”. Sua previsão faz parte de uma estratégia para atrair os votos dos bolsonaristas que, assustados com a possibilidade de volta do PT, poderiam fazer um voto útil em favor de Alckmin ainda no primeiro turno. O problema está no desempenho claudicante do tucano nas pesquisas. “O que vale é a onda da última semana. Estou firmíssimo”, disse ele, desprezando sua posição com um único dígito no Datafolha. Henrique Meirelles prefere defender a viabilidade de sua candidatura — ele está com 2% de intenções de voto. Afirma que levantamentos encomendados por sua campanha, para consumo interno, mostram que “existe um crescimento muito forte” de sua candidatura. Amoêdo alega que “não deveríamos tomar decisões com base em pesquisa”. Marina Silva diz que não se aliaria ao PSDB para formar uma frente contra a polarização e afirma que não se deve transformar uma eleição em plebiscito: “Uma eleição de dois turnos serve para que cada pessoa vote no candidato da sua convicção. No Brasil, querem fazer das eleições uma eleição plebiscitária”.

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Jair Bolsonaro havia confirmado presença no evento, mas, depois do atentado do qual foi vítima em Juiz de Fora, em Minas Gerais, sua participação por videoconferência ficou condicionada a autorização médica. Após a segunda cirurgia que sofreu, na noite da quarta-feira 12, para desobstrução do intestino, a autorização médica acabou não sendo concedida. Fernando Haddad, candidato do PT, cancelou sua participação às vésperas do evento. A quarta edição do Fórum Amarelas ao Vivo contou com o patrocínio da Refit e do Grupo Pão de Açúcar.

 

Publicado em VEJA de 26 de setembro de 2018, edição nº 2601

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