Vídeo de Alckmin critica uso da violência e mostra criança na mira de tiro
Primeira peça do tucano para o horário eleitoral reafirma o seu mantra contra Jair Bolsonaro: o de que os problemas do Brasil não serão resolvidos à bala
O primeiro vídeo produzido pela campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República busca desconstruir a parte mais notória do discurso do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, principal concorrente do tucano entre o eleitorado conservador e defensor de propostas que vão da flexibilização do acesso a armas pela população à “condecoração” de agentes de segurança que matarem criminosos em operações.
Inspirado em uma propaganda antiarmamentista britânica, “Stop the bullets, kill the gun” (“pare as balas, acabe com as armas”), o vídeo de um minuto, publicado na conta de Alckmin no Twitter, mostra lentamente, com uma música clássica ao fundo, balas estraçalhando objetos que representam problemas a serem enfrentados pelo presidente da República.
São alvejados, nesta ordem, um copo de leite rotulado com “desemprego”, uma jarra de água onde se lê “falta de saneamento”, uma pilha de livros representando “analfabetismo”, uma bolsa de sangue simbolizando “filas na saúde” e um melão estampado com a palavra “fome”. No último quadro, antes que atingisse a cabeça de uma criança, um projétil se transforma na frase “não é na bala que se resolve”.
Ao reproduzir o mantra de Alckmin contra Bolsonaro – ele também costuma trocar “bala” por “grito” ao se referir ao modo como o concorrente pretende combater as mazelas do Brasil –, o vídeo indica que a estratégia do tucano será mesmo a de usar o horário eleitoral que começa no sábado, e não necessariamente os debates na TV, para embates com o deputado federal e chegar ao segundo turno. Nos dois encontros até agora, na Bandeirantes e na Rede TV!, o ex-governador de São Paulo evitou se contrapor a Bolsonaro.
A peça reforça ainda a posição de “moderado” e “conciliador” que Alckmin pretende ocupar na campanha, mas expõe alguma dubiedade no discurso do candidato do PSDB. É que, aqui e ali, o tucano costuma acenar aos convertidos do capitão da reserva do Exército, prometendo, por exemplo, facilitar o porte de armas no campo e o fim das “saidinhas” de presos da cadeia em datas específicas.