Ninguém poderá dizer que foi pego de surpresa. Muito antes do início da campanha eleitoral, proliferavam alertas de que as notícias falsas, as chamadas fake news, se tornariam perigosas indutoras de voto. Em vão. A poucos dias do segundo turno, a única verdade dentro do esgoto de embustes é o triunfo das mentiras, que seguem potentes no escurinho do WhatsApp ou na claridade das redes sociais. A medida mais enérgica do WhatsApp veio só depois da definição da finalíssima entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. Foi a suspensão de “centenas de milhares de contas” (entre elas a de Flávio Bolsonaro), na semana passada, por disparos em massa de mensagens.
Em abril deste ano, o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luiz Fux, havia dito que a disseminação de mentiras poderia levar até à anulação do pleito. Pois o conselho consultivo criado pelo órgão para combater as enganações digitais só fez sua primeira reunião na campanha três dias após o primeiro turno e sem nenhum indício claro de que haverá punições. No domingo 21, Rosa Weber, a atual chefe do tribunal, falou das dificuldades para lidar com o tema. “Nós ainda não descobrimos o milagre.” Assim, a solução para os escribas de nariz grande e cara de pau está nas mãos de quem lê. Segundo pesquisa do Ibope, 56% dos eleitores tentaram verificar a veracidade de notícias que receberam pela web. Em uma leitura (bastante) otimista, é um certo alento. Ao lado, um teste: você consegue identificar quais das manchetes são verdadeiras?
Publicado em VEJA de 31 de outubro de 2018, edição nº 2606