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Temer retalia deputados infiéis com demissão de afilhados

Governo avaliou que precisava punir deputados da base que votaram contra a reforma trabalhista para evitar traições na votação das mudanças na previdência

Por Da redação
Atualizado em 2 Maio 2017, 17h33 - Publicado em 2 Maio 2017, 17h24

O presidente Michel Temer começou nesta terça-feira a exonerar dos cargos indicados políticos de deputados da base aliada que votaram contra a reforma trabalhista na semana passada. Entre eles, há afilhados de parlamentares do PSD, PTN, Pros, e até do PMDB, partido de Temer. As demissões ocorreram em postos do Ministério da Agricultura, Fundação Nacional de Saúde (Funasa), do Instituto Nacional do Seguro Nacional (INSS), entre outros órgãos federais; e foram publicadas na edição de hoje do Diário Oficial da União (DOU).

Exonerado nesta terça, o superintendente regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Ceará, Maximiano Leite Barbosa Chaves, havia sido indicado pelo deputado Vitor Valim (PMDB-CE). O peemedebista votou contra a reforma trabalhista e já declarou voto contra a da Previdência. Valim é do grupo político do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).

As exonerações de aliados de deputados “infiéis” nos Estados começaram a ser acertadas na última quinta-feira em reunião no Palácio do Planalto entre líderes da base aliada e o presidente Michel Temer. O governo avaliou que precisava dar o exemplo com os cortes de cargos para impedir que novas traições prejudiquem a votação da reforma da Previdência no plenário, prevista para o fim de maio.

No PTN, pelo menos dois dos treze deputados perderam cargos em superintendências da Funasa nos Estados. Entre eles estão Daniel Kenji Tokuzumi do comando da fundação em São Paulo, indicado pelo deputado Dr. Sinval Malheiros (PTN-SP); e Jairo Sotero Nogueira de Souza do fundação do Rio Grande do Norte, indicado pelo deputado Antônio Jácome (PTN-RN).

O PTN foi bastante cobrado pelo governo por não entregar os votos que prometeu durante a votação das mudanças na legislação trabalhista. Em troca da presidência da Funasa, o partido prometeu entregar pelo menos 10 votos a favor da proposta, segundo um interlocutor do governo na Câmara. Na votação, porém, só entregou sete. Outros cinco deputados da sigla, como Jácome e Sinval, votaram contra e um se ausentou.

O deputado Expedito Netto (PSD-RO) também votou contra a reforma trabalhista e viu nesta terça o indicado Luiz Fernando Martins ser exonerado do comando da Delegacia Federal de Desenvolvimento Agrário em Rondônia. O deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF) também teve seu apadrinhado, o diretor-geral do Arquivo Nacional, José Ricardo Marques, demitido. Fonseca afirmou que o indicado é do “partido e não pessoal”, mas destacou que ações como essa podem prejudicar o apoio dos outros deputados às reformas.

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A avaliação dos parlamentares infiéis é que o governo deveria chamar a base para conversar e tentar encontrar saídas para atender as demandas das mudanças do texto da reforma da Previdência em vez de demitir ou ameaçar demitir pessoas. Esse tipo de atuação, dizem, poderá ter o efeito contrário ao pretendido e criar um clima maior de insatisfação entre os aliados, dificultando os apoios necessários para passar a reforma da Previdência na Câmara.

“Quem aconselhou o Temer a demitir, não gosta dele. Vai piorar a situação dele, porque o deputado não tem que estar com o Temer, tem que estar com o Brasil. Ele está com 8% de popularidade”, disse Fonseca.

(Com Estadão Conteúdo e agência Reuters) 

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