Ao ser escolhido como ministro das Relações Exteriores, o embaixador Mauro Vieira contou, ainda antes de tomar posse, que a primeira missão que recebeu do presidente Lula foi a de restabelecer as relações diplomáticas com a Venezuela de Nicolás Maduro. No cargo, Vieira seguiu a orientação à risca.
Ele também reaproximou o Brasil de ditaduras como Cuba, China — países que foram isolados diplomaticamente no governo de Jair Bolsonaro. A política externa do Brasil — também por isso — tem sido alvo de muitas críticas. Vieira é um servidor público de carreira, que já teve a vida bisbilhotada pelos órgãos de repressão durante a ditadura militar.
SNI monitorou viagem do embaixador a Cuba
Em 1988, um documento produzido pela Divisão de Segurança e Informações do Ministério da Previdência e Assistência Social, uma sucursal do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI), trata de uma viagem que Mauro Vieira fez a Cuba.
Na época, o hoje embaixador exercia um cargo de secretário de Administração do INPS, o atual INSS. O documento é intitulado “Repercussão negativa de viagem de servidor do INPS a Cuba”.
O relatório ressalta que Mauro Vieira tinha acabado de ser designado para exercer o cargo e, mesmo antes de assumir, a primeira coisa que ele fez foi viajar a Cuba, com diárias pagas pelo contribuinte, para tratar de estudos sobre medicamentos desenvolvidos para o vitiligo, uma doença de pele.
Paranoicos e sempre desconfiados de que havia um comunista em cada esquina, os arapongas estranharam a viagem de Mauro Vieira, já que não caberia ao Ministério da Previdência esse tipo de assunto.
Em tese, segundo eles, a viagem, se necessária, deveria ter sido feita por servidor ligado ao Ministério da Saúde. “Repercutiu negativamente no âmbito do INPS a indicação de Mauro Luiz Vieira, já que ele não tinha ainda assumido o cargo no Instituto”, escreveram os arapongas.