Rosângela Moro: ‘Não poderia esperar outra atitude do meu marido’
Ter deixado o governo foi "a única atitude eticamente aceitável", afirmou a esposa do ex-ministro da Justiça
A advogada Rosângela Moro, mulher do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, se manifestou pela primeira vez sobre a saída do ex-juiz da Lava Jato do governo Jair Bolsonaro neste domingo, 26. “Eu não poderia esperar outra atitude do meu marido. Deixar o governo era a única eticamente aceitável”, afirmou Rosângela Moro, em sua conta no Instagram, na qual detalhou seus “dias de reflexão”.
“Eu lamento que, em meio a uma gigante pandemia, o foco tenha sido desvirtuado, porque acredito que a vida precisa estar acima de tudo. Sou cidadã e, ao mesmo tempo, esposa de uma pessoa que lutou fortemente contra a corrupção sob a máxima: a lei é para todos, em defesa do estado de direito”.
“A Lava Jato é uma conquista da sociedade brasileira. Também somos uma família que sempre, com muita fé em Deus, defendeu valores de ética e verdade. Nunca ofendi qualquer autoridade do país, mesmo quando discordava. Nunca insultei ou ofendi qualquer condenado quando meu marido era juiz. Atos têm consequências e cada um responde pelos seus”, diz Rosângela.
Assim como fez Moro nesta manhã, no Twitter, Rosângela disse estar sendo alvo de fake news. “Viveremos tempos difíceis, certamente, com a propagação de ofensas e inverdades, sejam por parte de robôs ou de pessoas que discordam dos nossos valores. Mas sigo confiante de que fazer a coisa certa é sempre o caminho necessário”.
No início do ano, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Rosângela elogiou a sintonia entre o presidente e o então ministro da Justiça. “Sou pró-governo federal. Eu não vejo o Bolsonaro, o Sergio Moro. Eu vejo o Sergio Moro no governo do presidente Jair Bolsonaro, eu vejo uma coisa só”.
A demissão de Maurício Valeixo da direção da Polícia Federal foi a gota d’água para Sergio Moro. Na visão de Moro, símbolo da Operação Lava-Jato e um dos ministros mais populares do Governo Bolsonaro, a troca de Valeixo por Alexandre Ramagem, atual diretor da Associação Brasileira de Inteligência (Abin) reforçaria as seguidas tentativas de Bolsonaro interferir politicamente na Polícia Federal.
Por causa do embate, Moro pediu demissão na última sexta, 24, sendo a segunda baixa do governo em oito dias — no dia 16 de abril, Luiz Henrique Mandetta foi substituído por Nelson Teich no comando do Ministério da Saúde.
Neste domingo, Bolsonaro voltou a negar as acusações de Moro via Twitter. “Lamentavelmente o ex-ministro mentiu sobre interferência na PF. Nenhum superintendente foi trocado por mim. Todos foram indicados pelo próprio ministro ou diretor geral. Para mim os bons Policiais estão em todo o Brasil e não apenas em Curitiba, onde trabalhava o então juiz”, escreveu o presidente.