Rodrigo Janot confessou crime de prevaricação, diz líder do Cidadania
Deputado Daniel Coelho (PE) diz que entrevista do ex-PGR a VEJA é estarrecedora: "Preferiu o silêncio para revelar os crimes em um livro"

Líder do Cidadania na Câmara dos Deputados, Daniel Coelho (PE) disse nesta sexta-feira, 27, que a entrevista do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot a VEJA é uma confissão do crime de prevaricação.
Janot declarou que, em março de 2016, pouco antes do impeachment de Dilma Rousseff, foi convidado para ir ao Palácio do Jaburu. Lá, estavam o então vice-presidente, Michel Temer, e o ex-deputado Henrique Eduardo Alves, que lhe pediu, sem meias palavras, para que poupasse Eduardo Cunha, o presidente da Câmara na época, de investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal. O ex-PGR disse ter falado “alguns palavrões indizíveis antes de ir embora”, mas não tomou providências com relação ao caso.
Também esteve presente nesta reunião o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, que confirmou a VEJA a veracidade da informação.
A revelação foi feita antes do lançamento do livro Nada Menos Que Tudo, em que Janot conta os bastidores da Operação Lava Jato. “As declarações feitas pelo ex-chefe da PGR são uma confissão de prevaricação. Ele atesta ter participado, ter sabido e ter sido proposto a ele crimes a serem cometidos por autoridades. E preferiu o silêncio para revelá-los agora em um livro”, afirmou Daniel Coelho.
“É realmente estarrecedor que isto seja considerado normal: alguém que ocupou cargo tão importante na República brasileira ter a ciência de todos estes fatos e não ter revelado nenhum deles, guardando-os para a posteridade e, talvez, para criar uma polêmica para um livro a ser publicado”, acrescentou o deputado.
Além do caso envolvendo Temer, o ex-PGR afirmou que recebeu em 2017 uma oferta para ser vice-presidente na chapa que o então senador Aécio Neves (PSDB-MG) gostaria de construir para a disputa da Presidência no ano seguinte. “É óbvio que era uma tentativa de cooptação”, disse Janot. Ele também confessa ter recebido propostas para assumir cargos vindas do ex-ministro Eliseu Padilha e do ex-subchefe de Assuntos Jurídicos Gustavo Rocha.