A quarta-feira, 22, entrou para os anais do Rio de Janeiro por um dado vergonhoso: todos os governadores eleitos desde 1998 e todos os ocupantes da presidência da Assembleia Legislativa desde então estavam encarcerados sob a acusação de se alimentar de propinodutos que lhes encheram os bolsos enquanto dilapidavam o caixa estadual. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, resumiu a situação fluminense com uma frase cortante: “Há um clima de terra sem lei que domina o Rio”. A prisão dos ex-governadores Anthony Garotinho e sua mulher, Rosinha, ambos do PR, e dos deputados do PMDB Jorge Picciani (presidente da Alerj), Paulo Melo e Edson Albertassi ilustram a percepção de Dodge.
Mas a corrupção sistêmica no Rio de Janeiro não surgiu no século XXI. VEJA desta semana mostra que os relatos de desvio de verba pública para fins privados existem desde o Brasil colonial. Um dos primeiros governantes da então capitania do Rio de Janeiro acusado por malfeitos foi o português Salvador Correia de Sá e Benevides. Em 1637, acabou preso por receber propina para autorizar irregularmente navios holandeses a carregarem o açúcar brasileiro para fora do país. No decorrer dos séculos, pouco se fez para separar o lícito do ilícito, por convicção ideológica ou interesses escusos. Um exemplo mais recente é que, desde os anos 1980, governantes têm sido mais do que lenientes com contraventores que tocam o carnaval carioca e o jogo do bicho.
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