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Recatada, capítulo 2

A brasiliense Michelle, 27 anos mais nova do que o marido, não se mete em política e só sai da vidinha no lar para ajudar nas ações sociais da igreja

Por Fernanda Thedim e Marcela Mattos
Atualizado em 29 out 2018, 07h00 - Publicado em 29 out 2018, 07h00

Troca-se um M por outro M e tudo continua praticamente como antes no quartel de Abrantes (nesse caso, o Palácio da Alvorada). Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, de 36 anos, a mulher do presidente eleito, lembra muito a bela, recatada e do lar Marcela Temer: é bonita, tímida, tem origem humilde, quase não fala em público e vive à sombra do marido. A diferença é que Michelle tem uma atividade extracurricular: evangélica de não perder culto e dar aula na escola dominical, participa com entusiasmo das ações sociais promovidas por sua igreja. “Ela interage com as pessoas de uma forma que faz qualquer um se sentir valorizado”, derrama-se o pastor Josué Valandro Jr.

Michelle nasceu e cresceu na Ceilândia, cidade localizada na periferia de Brasília. A mãe fazia bico como diarista. O pai, motorista de ônibus por quase três décadas até se aposentar, ficou famoso como Paulo Negão — cearense de Crateús, tornou-se uma espécie de escudo de Jair Bolsonaro para se livrar de denúncias de racismo. VEJA localizou o primeiro-so­gro no portão da casa onde mora com a segunda mulher, numa manhã de outubro. De bermuda, camiseta e chinelo, voltava a pé das compras. Disse que estava “atrasado” e não ia falar sobre a filha. O capitão deu ordens expressas à família e amigos para não expor a mulher, que mal apareceu nos vídeos de campanha.

Michelle foi vendedora em loja de roupa e trabalhou em um supermercado. Concluiu o ensino médio por supletivo. No Rio, matriculou-se na faculdade de farmácia em uma instituição particular, mas não a cursou. Quando o casal se conheceu, ela era mãe solteira de uma menina, Letícia, hoje com 15 anos (o pai da filha, morador da Ceilândia, é despachante de uma empresa de ônibus), e tinha o cargo de secretária na Câmara dos Deputados, em Brasília. Ele, vindo de duas separações, exercia o quinto mandato de deputado. Bolsonaro viu Michelle, 27 anos mais jovem, e partiu para a conquista. “Um dia cheguei ao meu gabinete, vizinho ao de Bolsonaro, e tinha um buquê gigante em cima da mesa dela”, recorda Marco Auré­lio Ubiali, ex-deputado pelo PSB paulista, para quem Michelle atendia o telefone e servia cafezinho na época. “Perguntei quem tinha mandado. Ela ficou envergonhada e não revelou. Os outros apontaram para a sala ao lado”, conta.

Bolsonaro deu ordens expressas à família e amigos para não expor a mulher, que mal apareceu nos vídeos da campanha

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O romance avançou rapidamente. Passados seis meses, Bolsonaro pediu Michelle em noivado. Mais três e se casaram no civil. A cerimônia religiosa aconteceu seis anos depois, em 2013. A essa altura, Laura já havia nascido — é a primeira filha do presidente eleito, depois de quatro homens, e está com 8 anos. O oficiante da cerimônia foi o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que a noiva frequentava desde que fora exonerada da Câmara, em 2008, e se mudara para a Barra da Tijuca, no Rio. Motivo da exoneração: trabalhava no gabinete do marido (com salário três vezes maior que o de antes) e o Supremo Tribunal Federal fez valer a lei do nepotismo, proibindo a contratação de parentes.

Michelle trocou de igreja em 2017, quando Bolsonaro e Malafaia se desentenderam. Levada por uma amiga, uniu-se à Igreja Batista Atitude. Conhecedora de libras, a linguagem dos sinais, ela ajuda deficientes auditivos e já serviu de intérprete em cultos. A rotina de Michelle no Rio era de passeio com as filhas no shop­ping, jantar fora com o marido e retocar as mechas no cabeleireiro — diferentemente dos tempos de solteira, quando, segundo contou a VEJA um amigo antigo, gostava de sair e badalar. Conforme Bolsonaro foi subindo nas pesquisas, ela e as filhas foram sumindo de vista. Deixou até de ir à academia, na qual malhava de três a quatro vezes por semana. A nova anfitriã do Alvorada se veste com simplicidade, com muitos jeans e camisetas, e não dá palpite em política. Na casa de dois andares no fim de uma das sete ruas do condomínio Vivendas da Barra, no Rio, onde todo o clã mora, seu hábito sempre foi receber visitas com bolo e cafezinho e sair de cena. Recatadíssima.

Publicado em VEJA de 31 de outubro de 2018, edição especial nº 2606

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