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Raquel Dodge: Esquema criminoso no governo do RJ estava em andamento

Segundo procuradora-geral, medidas cautelares como a prisão preventiva do governador Pezão servem para se levantar informações sobre seu funcionamento

Por Leonardo Lellis Atualizado em 29 nov 2018, 11h19 - Publicado em 29 nov 2018, 09h49

A procuradora-geral da República Raquel Dodge afirmou, em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, que a prisão preventiva do governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão e mais oito pessoas foi requerida à Justiça por suspeitas de que um esquema criminoso liderado pelo chefe do Executivo estava em andamento.

“A operação Lava Jato no RJ tem empreendido esforços enormes para conter o esquema criminoso que se instalou no estado e contou com a participação de autoridades públicas do governo anterior. É um esquema criminoso que ainda não cessou”, afirmou a procuradora-geral.

Segundo ela, os pedidos de prisão preventiva foram feitos em razão da “atualidade do esquema” e do fato de os suspeitos continuarem praticando esses crimes. O MPF também sustenta que Pezão não só continuou com o esquema iniciado pelo ex-governador Sergio Cabral, como também criou seu próprio.

De acordo com o Ministério Público Federal, o governador Pezão recebeu pagamentos em espécie que totalizavam o equivalente a 39 milhões de reais em valores atualizados, quantia que foi alvo de sequestro determinado pelo ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, para que os cofres públicos sejam ressarcidos.

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“As medidas de hoje são parte das investigações em curso, que visam coligir os elementos que vão agregar certeza sobre como funciona o novo esquema que sucedeu o anterior”, explicou Raquel Dodge, ao ser questionada sobre detalhes como a localização de valores desviados. Segundo ela, foram identificadas a prática de três crimes: organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.

Ainda conforme a procuradora-geral, um dos crimes em curso é o de organização criminosa. “As informações coligidas são no sentido de que ela continua atuando especialmente em relação à lavagem de dinheiro, praticada após o crime de corrupção para ocultar o dinheiro desviado”, afirmou Dodge, ressaltando a facilidade que ocupantes de cargos públicos têm de dissimular valores desviados.

O governador Pezão foi preso preventivamente pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira, dentro do Palácio Laranjeiras, residência oficial do chefe do executivo, em um desdobramento da operação Lava Jato. Outras oito pessoas, também ligadas a empresas que prestam serviço ao estado do RJ, foram alvos de prisão preventiva. O ministro Felix Fischer também autorizou buscas e apreensões em endereços ligados a onze pessoas físicas e jurídicas,

Pezão foi alvo de delação premiada de Carlos Miranda, suspeito de ser operador financeiro de esquemas de seu antecessor, Sergio Cabral, de quem foi vice-governador. O delator acusou o governador de receber mesadas de 150 mil reais entre 2007 a 2014, na época em que ele, então vice, era secretário de obras do governo estadual. Os repasses, segundo Miranda, continuaram após o governador assumir o estado.

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A delação foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal e, segundo o MPF, as apurações começaram a partir de documentos apreendidos na casa de um dos investigados na Operação Calicute. Os investigadores analisaram provas documentais como dados bancários, telefônicos e fiscais.

Segundo o procurador Leonardo Freitas, que também participou da entrevista coletiva concedida por Raquel Dodge, a propina paga a Pezão teve origem principalmente na mesada operada por Miranda e repasses da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Rio (Fetranspor). “A organização criminosa se reinventou, com uma sucessão de pessoas exatamente nos postos que levaram à prisão lá atrás desse primeiro time, nesse primeiro momento dessa organização”, disse.

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