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Bolsonaro em reunião sobre troca na PF: ‘Querem f* minha família’

Teor da reunião faz parte do inquérito que investiga a acusação do ex-ministro Sergio Moro de que o presidente tentava interferir politicamente na PF

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2020, 17h07 - Publicado em 12 Maio 2020, 16h18

O presidente Jair Bolsonaro subiu o tom e atacou duramente a Polícia Federal ao defender, na reunião ministerial gravada pelo Palácio do Planalto, a troca de investigadores no Rio de Janeiro. Segundo o presidente, familiares estariam sendo perseguidos em apurações policiais. “Querem f* com minha família”, disse Bolsonaro na reunião cuja gravação em vídeo foi exibida nesta terça-feira (12) como evidência no inquérito que investiga a acusação do ex-ministro Sergio Moro de que o presidente tentava interferir politicamente na corporação.

De acordo com relatos de quem assistiu ao vídeo do encontro, em meio a palavrões, Bolsonaro disse que, se não fosse trocado o superintendente da Polícia Federal do Rio Janeiro, ele mudaria o comando da PF e até o ministro Sergio Moro.

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Dois interlocutores envolvidos na exibição do vídeo nesta terça também confirmaram ao Radar que o presidente citou a família e amigos como motivo para as trocas na Polícia Federal. O presidente justifica na gravação que precisava de informações de inteligência da PF para evitar que investigações em curso na PF prejudicassem “a minha família e meus amigos” e reclama da falta de informações.

Conforme revelou o site de VEJA, uma portaria redigida pelo Ministério da Justiça na gestão de Sergio Moro favorável ao endurecimento das regras de isolamento social também funcionou como catalisador para Jair Bolsonaro ter subido o tom contra o ex-ministro da Justiça na polêmica reunião do dia 22 de abril.

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A proposta de Moro, que sofreu forte oposição de Bolsonaro, incluía a fixação de multa, por meio de uma lei federal, para quem furasse a quarentena durante a pandemia do novo coronavírus e, em casos específicos, estabelecia até ordens de prisão para garantir o isolamento maciço da população. Como a infração de desobedecer a ordem para ficar em casa seria considerada de menor potencial ofensivo, a ideia era a de que, se a pessoa assumisse o compromisso de cumprir a quarentena, a prisão não fosse decretada.

Na reunião do dia 22, em que Bolsonaro já tinha conhecimento do teor da portaria do Ministério da Justiça, o presidente cobrou de Sergio Moro que se manifestasse diante de todos os ministros sobre o motivo de querer decretar prisões contra quem violasse a quarentena. Segundo relatos ouvidos por VEJA, Moro foi pressionado para atacar governadores e se alinhar à política do Executivo de retomada rápida da atividade econômica.

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Em nota divulgada nesta terça-feira, o advogado do ex-ministro Sergio Moro, Rodrigo Sanchez Rios, disse após a exibição do vídeo da reunião que “o material confirma integralmente” as declarações do ex-juiz da Lava-Jato no anúncio de sua saída do governo e no depoimento prestado à própria Polícia Federal. Caberá ao decano no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, decidir se levanta ou não o sigilo do vídeo da reunião.

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