Em meio a um batalhão de lideranças evangélicas presentes no encontro de Luiz Inácio Lula da Silva com o segmento na última quarta-feira, 19, em São Paulo, um nome — até recentemente pouco conhecido — teve destaque.
Com um discurso fortemente centrado no “sequestro da fé” promovido por Jair Bolsonaro, a vereadora de Goiânia Aava Santiago (PSDB), de 33 anos, foi uma lideranças mais aplaudidas e, nos bastidores da campanha petista, já é vista como uma “estrela em ascensão” — e peça-chave para o diálogo com o eleitorado evangélico.
Integrante da Assembleia de Deus, com interlocução com o público jovem e bastante ativa nas redes sociais — onde usa e abusa de vídeos, memes e linguagem descontraída ao falar sobre política e religião –, Aava participou do lançamento da “Carta-compromisso com os Evangélicos” de Lula ao lado de nomes como a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP), a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) e o pastor e deputado eleito Henrique Vieira (PSOL-RJ).
“Presenciamos a nossa fé sendo vilipendiada em nome de supostos valores cristãos. Sou da Assembleia de Deus (…) e somos uma maioria de pretos, pobres, pentecostais, periféricos. Dentro das igrejas, estão dizendo que o senhor (Lula) persegue os nossos valores. Pois eu digo que uma igreja que depende do Estado para defender seus valores é uma igreja fraca”, afirmou. “Faço um apelo as minhas irmãs e irmãos: não permitam o sequestro da nossa fé. Nós já nos convertemos a Jesus, não temos que nos converter ao Bolsonaro”, encerrou a sua fala, sob fortes aplausos.
Aava, que é socióloga e presidente do PSDB goianiense, já havia declarado apoio a Lula no primeiro turno e, nas últimas semanas, conseguiu o endosso do diretório municipal à candidatura petista. A vereadora ganhou um “boom” de visibilidade quando viralizou nas redes um vídeo seu no qual critica declarações da ex-ministra Damares Alves, que, em visita a Goiânia, denunciou supostos casos de exploração infantil — mas sem provas.
Mais recentemente, voltou a bombar na internet com outro vídeo. Na gravação, responde a uma militante bolsonarista que invadiu um evento do PT em Goiânia para criticar o apoio de Aava, enquanto evangélica, a Lula. A vereadora rebateu que, durante os governos do ex-presidente, não houve perseguição religiosa e que, inclusive, líderes evangélicos ganharam ampla projeção.
As críticas ferrenhas a Bolsonaro e a defesa aguerrida de Lula promovidos pela vereadora tucana brilharam aos olhos da campanha petista, que tenta ampliar a penetração no território evangélico, majoritariamente bolsonarista. Segundo o último Datafolha, o atual presidente tem 66% entre o público, contra 28% de Lula.
Na campanha deste ano, Aava tentou se eleger deputada federal por Goiás, mas não conseguiu: teve 13.387 voto e ficou em 37º lugar no estado, que tem apenas 17 vagas na Câmara.