Após os depoimentos dos dois primeiros ministros da Saúde do governo de Jair Bolsonaro, a CPI da Pandemia recebeu nesta quinta-feira, 6, o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga. O diretor-presidente da Agência de Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, também iria falar hoje, mas seu depoimento acabou adiado para terça, 11.
Queiroga declarou que “a solução para a pandemia é a campanha de vacinação” e frisou que o desenvolvimento dos imunizantes é “uma resposta da ciência” à crise. Em referência aos altos números de casos e mortes por Covid-19 no país no momento em que tomou posse, o ministro destacou que assumiu o cargo em uma cerimônia fechada porque “não havia o que comemorar”. Queiroga assinalou que comanda um ministério “técnico” e destacou as reuniões com a OMS e as “parcerias” com secretarias municipais e estaduais de Saúde que já ocorreram em sua gestão.
Perguntado se compartilha com a opinião de Bolsonaro a favor da cloroquina, Queiroga afirmou que essa é uma “questão de natureza técnica” e que existem “correntes diferentes” entre os médicos. O ministro acrescentou que não fará “juízo de valor” sobre a opinião de outros. A ausência de uma resposta concreta irritou parte dos senadores e provocou discussão entre governistas e oposição. Sobre o mesmo tema, Queiroga disse que “não houve pressão” sobre sua gestão para recomendação de nenhum medicamento. Na quarta, o ex-ministro Nelson Teich declarou que deixou o cargo por não concordar com a defesa do presidente Jair Bolsonaro do uso da cloroquina.
Marcelo Queiroga está à frente do Ministério da Saúde desde 23 de março deste ano. O médico cardiologista assumiu o cargo com o desafio de chefiar a pasta no pior momento da pandemia no país, quando se somavam cerca de 300 mil mortes no Brasil. O ministro é fortemente cobrado pela vacinação em massa da população.
Quatro requerimentos de convocação, de autoria do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), do vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Eduardo Girão foram aprovados pelo colegiado para o testemunho do atual titular da Saúde.
Já sobre a audiência com Barra Torres, a expectativa dos parlamentares é que ele fale sobre os processos de liberação de imunizantes contra a Covid-19, assim como o recente processo que culminou com a negativa do registro da vacina Sputnik V.
Na quarta-feira 5 o ex-ministro da Saúde Nelson Teich foi ouvido na comissão e explicou os motivos que provocaram sua saída do cargo menos de um mês após assumir, ainda em 2020. Já o primeiro titular da pasta no governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, abriu os trabalhos na terça-feira 4 e concedeu um longo depoimento, onde pontuou que o presidente ignorou os alertas sobre a gravidade da crise.
O também ex-ministro Eduardo Pazuello, que comandou a pasta em grande parte da pandemia, de maio de 2020 a março de 2021, deve ser ouvido no dia 19 de maio. Seu depoimento seria na quarta-feira 5, mas, após o general alegar ter tido contato com militares que testaram positivo para Covid-19, a audiência foi adiada.
(Com Agência Senado)