Passados mais de 50 anos do célebre debate entre John Kennedy e Richard Nixon na disputa pela Casa Branca, os confrontos entre candidatos seguem, no Brasil, essencialmente a mesma fórmula adotada naquela noite nos Estados Unidos: os postulantes se enfrentam em um duelo mediado por um moderador e o tempo é controlado, mas geralmente suficiente para que ninguém interrompa a frase no meio. Apesar do formato engessado, os embates políticos brasileiros renderam momentos marcantes – infelizmente, mais pelos confrontos do que pela discussão de propostas. Foi o que se viu na noite de quinta-feira no SBT. A seguir, relembre debates que entraram para a história.
Kennedy x Nixon (1960)
O confronto ocorrido em 26 de setembro de 1960 no estúdio da CBS em Chicago fez com que o debate eleitoral transmitido pela TV deixasse de ser coisa de amadores. A troca de golpes verbais entre John Kennedy e Richard Nixon entrou para a história. O democrata saiu-se claramente melhor do que o oponente.
https://videos.abril.com.br/veja/id/846a2aaca9dae4d36cd83d26dde97380
Jânio Quadros x Franco Montoro (1982)
Sem que houvesse interferências do mediador, Franco Montoro e Jânio Quadros transformaram o embate entre os postulantes ao governo de São Paulo em um verdadeiro bate-boca. Montoro provocou o adversário com uma citação de Carlos Lacerda, desafeto de Jânio. Em resposta, ouviu: “O senhor acaba de querer citar as Escrituras valendo-se de Asmodeu ou de Satanás”. Todos riram. Até Franco Montoro.
Covas x Afif (1989)
O debate entre os candidatos à Presidência da República em 1989 contou com Márcio Vovas em ótima forma. Desafiado por Guilherme Afif Domingos, interessado em saber “com qual das duas caras” disputaria a eleição, o candidato do PSDB disparou: “Eu acho que eu tenho uma única cara. Mas certamente se eu tivesse várias, todas elas teriam vergonha”.
Leonel Brizola x Paulo Maluf (1989)
Se Carlos Nascimento precisou apenas fazer uma intervenção pedindo à plateia que se comportasse nesta quinta-feira, a jornalista Marília Gabriela se viu obrigada a interromper o debate entre Leonel Brizola e Paulo Maluf em 1989 diante do clima que se instaurou entre os candidatos – sobrou até para os convidados que assistiam ao programa. Os xingamentos envolveram os termos “desequilibrado” e “filhote da ditadura”.
Mário Covas X Paulo Maluf (1989)
A tensão entre os candidatos rendeu até momentos cômicos, como este, marcado pela ironia dos postulantes ao governo de São Paulo.
Mário Covas x Paulo Maluf (1998)
Na disputa pelo segundo turno das eleições pelo governo de São Paulo, Mário Covas decidiu pedir aos eleitores que comparassem o “caráter”, e não apenas as propostas, dos candidatos. As afirmações provocaram a ira do adversário Paulo Maluf e esquentaram o debate. Deu certo: Covas venceu com quase 10 milhões de votos.
Collor x Lula (1989)
Com poucas regras e restrições, sobrou tempo para o confronto entre Lula e Fernando Collor no segundo turno da eleição presidencial de 1989. Em vez de defender ideias, contudo, os candidatos optaram por ataques pessoais. Lula comparou Collor a Pinóquio. O adversário devolveu a acusação com uma agravante: “O Pinóquio pelo menos lia. Eu não sei se ele sabe ler”. Dias antes dessa batalha feroz, Collor exibiu no horário gratuito o depoimento em que Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, acusava o candidato do PT de tê-la pressionado para abortar a filha Lurian.Temeroso de que o assunto surgisse no debate, Lula mostrou-se apreensivo e inseguro. O mau desempenho facilitou a famosa edição do confronto divulgada pela Globo no Jornal Nacional.
Fernando Collor x Enéas Carneiro (2000)
Em debate no rádio na disputa pela prefeutira de São Paulo, Collor ironizou Enéas Carneiro ao fazer sua pergunta. O adversário não perdoou.
Marta Suplicy x Paulo Maluf (2000)
A briga pela prefeitura de São Paulo esquentou a tal ponto que a discussão entre Paulo Maluf e Marta Suplicy degringolou para um ‘Cala a boca, Maluf’.
https://youtube.com/watch?v=g2G1LGeUz8w
Aécio Neves x Dilma Rousseff (2014)
O debate entre Dilma Rousseff e Aécio Neves na noite de quinta-feira foi de longe o mais agressivo destas eleições. marcado por ataques pessoais, não poupou sequer os familiares dos presidenciáveis.