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Primeiro turno ameaça Lula e Bolsonaro com derrotas acachapantes

Numa tentativa de mostrar força, presidente e antecessor apostaram alto em candidatos que podem ficar de fora do segundo turno no Rio e em São Paulo

Por Daniel Pereira Atualizado em 5 out 2024, 10h16 - Publicado em 5 out 2024, 10h13

Principais líderes políticos do país, Lula e Jair Bolsonaro traçaram objetivos distintos para as eleições municipais deste ano. De olho na reeleição, o presidente determinou ao PT que abrisse mão de candidaturas em colégios eleitorais importantes em nome de partidos aliados, na esperança de que estes, na próxima corrida ao Palácio do Planalto, embarquem na coligação que será montada para tentar a renovação de seu mandato.

Já o capitão definiu como prioridade reforçar a sua liderança no campo da direita. Declarado inelegível até 2030, o ex-presidente faz o que pode para não ser considerado página virada e manter a sua base de apoio popular e parlamentar mobilizada, o que é fundamental para o seu plano de recuperar o direito de disputar as eleições — de preferência, ainda em 2026.

De certo forma, Lula e Bolsonaro cumpriram até aqui essas metas maiores. O PT foi devidamente enquadrado, e o ex-presidente escolheu e vetou candidatos até em pequenos municípios. Apesar disso, os dois, que compartilhavam o mesmo desejo de demonstrar força, correm o risco de sofrerem uma senhora derrota neste domingo, quando será realizado o primeiro turno.

A força dos padrinhos

Nesta campanha, Lula apostou alto na candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSol) a prefeito de São Paulo. O presidente queria sair vitorioso no que seria uma espécie de tira-teima direto, na maior cidade do país, com Bolsonaro, que após idas e vindas decidiu apoiar a candidatura à reeleição de Ricardo Nunes (MDB).

A nacionalização da disputa não ocorreu como eles esperavam. Pior: Boulos e Nunes, inicialmente considerados favoritos, não têm lugar garantido no segundo turno. Segundo pesquisa Datafolha publicada na quinta-feira, 3, o deputado tem 26% das intenções de voto, enquanto o prefeito marca 24%, o mesmo percentual de Pablo Marçal (PRTB). Ou seja: há uma situação de empate técnico triplo. Dos três, só dois chegarão à fase final de votação.

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Se Boulos ficar pelo caminho, Lula sairá derrotado em sua principal aposta. Se Nunes não avançar, o revés será de Bolsonaro, que ainda terá de lidar com o sucesso de Marçal, que se diz aliado do capitão mas, segundo alguns bolsonaristas importantes, quer mesmo é tomar o lugar do ex-presidente na liderança do campo da direita e concorrer ao Planalto em 2026. Mesmo que Boulos e Nunes passem para o segundo turno, a tal influência de Lula e Bolsonaro não terá sido tamanha como ambos projetavam.

O ex-presidente está ameaçado por um duplo fracasso. Ele nunca escondeu que sua prioridade é a eleição no Rio de Janeiro, o segundo maior colégio eleitoral do país. Lá, lançou a prefeito o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), que, apesar do crescimento recente, ainda não tem vaga garantida no segundo turno. Segundo as pesquisas, é provável que o prefeito Eduardo Paes (PSD) vença no primeiro turno.

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