Preso na Operação Furna da Onça – braço da Lava Jato no Rio de Janeiro – suspeito de receber 2,8 milhões de reais em propina, o policial militar Jairo de Souza Santos, o Coronel Jairo (Solidariedade), de 71 anos, tomou posse nesta quarta-feira, 2, como deputado estadual na Assembleia Legislativa (Alerj). Ele é pai do vereador Dr. Jairinho, preso pela morte do enteado Henry Borel. Jairo era suplente do deputado Rodrigo Bacellar (Solidariedade), que assumiu a Secretaria estadual de Governo na gestão de Cláudio Castro (PL).
Alvo da Polícia Federal em novembro de 2018, Coronel Jairo ficou preso por dois anos e oito meses. O agora deputado foi apontado nas investigações por ser um dos integrantes da quadrilha do ex-governador Sérgio Cabral (MDB). De acordo com o Ministério Público Federal, a tarefa de Coronel Jairo na Alerj era para “a prática de crimes”, com indicações de pessoas ligadas a ele politicamente para trabalharem no Departamento de Trânsito (Detran), que fraudavam provas para emissão de carteira de habilitação.
No mês anterior à prisão, Coronel Jairo conquistou 24.620 votos e ficou na suplência da vaga na Alerj. Naquela eleição, ele teve o apoio do clã Bolsonaro e também pediu votos para o então candidato ao Senado, Flavio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Com influência eleitoral na Zona Oeste da Capital, o deputado foi um dos investigados na CPI das Milícias, em 2008, que pediu o indiciamento de mais de 200 pessoas acusadas de envolvimento com grupos paramilitares. Coronel Jairo chegou a ser citado por um dos integrantes de uma milícia, mas a comissão não comprovou nada contra o parlamentar.
Na prisão em Bangu 8, Coronel Jairo sofreu de depressão. O deputado está solto desde dezembro de 2019 por causa de um habeas corpus e não tem impedimentos legais para assumir o cargo. O assessor de Cabral, Sérgio de Castro Oliveira, o Serjão, segundo os procuradores, fazia os pagamentos de propina ao Coronel Jairo. A investigação comprovou que a “mesada” após a quebra de sigilo telefônico do deputado, que mostrou várias ligações de Jairo para Serjão, além de uma planilha dos doleiros do ex-governador com o nome “Jairo”.
No entanto, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) neste ano fez com que o caso recomeçasse praticamente do zero. A Segunda Turma do STF remeteu o processo do também deputado estadual André Corrêa (DEM), um dos réus, à Justiça Eleitoral. Como isso, todos os processos, que incluem ainda outros parlamentares, seguiram para o Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ).