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‘Por mais que seja espremido, só consigo dar doçura’, diz Temer

Em evento na Paraíba sobre a transposição do Rio São Francisco, presidente foi alvo de protesto e disse que paternidade da obra é do povo

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 18h55 - Publicado em 10 mar 2017, 20h02

Apesar de Brasília estar em polvorosa com a iminente divulgação de uma nova lista de políticos investigados na Lava Jato, o presidente da República, Michel Temer, buscou nesta semana emplacar uma agenda positiva e se mostrar despreocupado com os pedidos de inquérito que virão da Procuradoria-Geral da República (PGR). Para isso, ele tem adotado um tom mais leve e informal em seus discursos. Nesta sexta-feira, citou uma frase atribuída a Dom Hélder Câmara: “Eu sou como a cana na moenda. Por mais que eu seja espremido, eu só consigo dar doçura, eu só consigo dar doçura, só doçura, minha gente”, disse ele, em cerimônia de inauguração das obras da transposição do Rio São Francisco, em Monteiro, no interior da Paraíba.

Nesta quinta-feira, Temer decidiu falar sobre uma unanimidade do gosto brasileiro, a cerveja, que classificou como “um fenômeno de agregação e congregação”, ao sancionar uma lei que reconhecia Blumenau (SC) como capital nacional da bebida alcoólica. No fim, declarou que pretende tomar “pelo menos umas três canecas” no Oktoberfest, festa tradicional da cidade catarinense que ocorre em outubro.

O clima do evento desta sexta-feira, no entanto, não foi tão amigável quanto o de ontem. O presidente foi alvo de manifestantes que exclamavam “Fora Temer”. O volume do som da cerimônia precisou ser aumentado para abafar os gritos. O peemedebista comentou que as manifestações são “uma clara revelação da democracia” e ironizou os participantes do ato, que se encontravam numa área descoberta. “Temos que aplaudir a eles. Como estão no sol, certa e seguramente, eles vão se banhar nas águas do Rio São Francisco”, cutucou. 

Em outro momento, quando discorria sobre os benefícios da obra, Temer chegou a afirmar que esperava ver uma “enchentezinha” no Estado. “Eu espero que, ao final deste mais um ano e oito meses de governo, eu possa vir aqui e dizer que toda a Paraíba está irrigada, inundada de água, quem sabe até uma ou outra ‘enchentezinha’. É exatamente isso o que eu espero”, declarou.

Assim como fez em Campina Grande (PB), por onde passou pela manhã, Temer atribuiu a paternidade da obra ao povo, numa cutucada aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que publicaram notas ao longo da semana reivindicando o mérito pela transposição. “Esta é uma obra pensada desde o tempo do império e executada nos últimos governos. É por isso que ambos Lula e Dilma, com a delicadeza e civilidade que devem presidir as relações políticas, disseram que quem terminou a obra foi o Temer, mas que isto passou por vários governos, que merecem o aplauso de todos”, disse o presidente.

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Ontem, em sua página nas redes sociais, Lula ressaltou que a obra começou na sua gestão. Ele escreveu que muitos diziam que a transposição era algo impossível, “até que Lula foi lá e fez”, destacando que os trabalhos começaram em 2007, quando ele estava no primeiro ano do seu segundo mandato. Dilma, por sua vez, publicou em seu site números que mostravam que a maior parte dos investimentos foi feita no período petista. “Os governos Lula e Dilma empenharam 92,40% e pagaram 87,50% da execução do projeto de integração do São Francisco, antes do golpe de 2016”, diz o texto.

Na abertura da cerimônia em Monteiro, a prefeita da cidade, Anna Lorena Leite (PSDB), afirmou que a obra é “fruto do trabalho de vários líderes, que se empenharam para tornar realidade” a transposição das águas do rio São Francisco. “Essa obra é a redenção do nosso povo”, concluiu.

Ao ser mencionado pelo senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) como um entre os “vários responsáveis” pela obra, o nome do ex-presidente Lula foi aplaudido pelos presentes. Cunha Lima também relembrou o atraso da obra na gestão de Dilma. A conclusão da obra foi atribuída pelo senador ao governo Temer. “Muitos contribuíram para ela (obra), mas é o presidente Michel Temer e sua bancada que nos permitiu viver este momento.”

(Com Estadão Conteúdo)

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