PGR inocenta líderes do PR envolvidos em corrupção nos Transportes
Parecer do procurador-geral da República enviado ao STF inocenta ex-ministro e deputado da acusação de liderar esquema de corrupção no ministério
Em julho de 2011, reportagem de VEJA revelou a existência de um esquema de corrupção operado por caciques do PR no Ministério dos Transportes. O partido cobrava propina de empreiteiras interessadas em contratos com a União. O esquema tinha como coração o Dnit e a Valec. O caso resultou na queda do então ministro da pasta, Alfredo Nascimento, do diretor do Dnit e do presidente da Valec. Mais de vinte funcionários da pasta e de órgãos ligados a ela acabaram demitidos na esteira do escândalo. A Procuradoria-Geral da República, contudo, acabou por liberar Nascimento e o mensaleiro Valdemar Costa Neto das acusações de liderar o esquema criminoso. Segundo parecer de Roberto Gurgel, as provas colhidas ao longo da investigação não são suficientes para incriminar a dupla.
A investigação foi aberta em outubro de 2011 pelo Ministério Público para apurar a suspeita de envolvimento de Nascimento – hoje presidente do PR – e de Costa Neto no esquema de desvio de dinheiro público nos Transportes. O parecer, agora, será remetido ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, relator do processo.
Costa Neto foi condenado pelo Supremo, no julgamento do mensalão, a sete anos e dez meses de prisão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Ameaçado de perder o mandato na Câmara dos Deputados, ele agora aguarda o julgamento dos recursos impetrados por seus advogados contra a sentença do Supremo. A Corte começa a analisar os recursos no próximo dia 14.
Presidente do PR, o senador Nascimento, por sua vez, ainda responde a um inquérito no Supremo por suspeita de corrupção em atos relativos à sua gestão na Prefeitura de Manaus (1997-2004). “Eu não sou lixo. O meu partido não é lixo para ser varrido da administração”, disse ele da tribuna do Senado, em agosto de 2011, ao reclamar do comportamento da presidente Dilma Rousseff, que não lhe deu apoio.
A “faxina” ética deflagrada pelo governo começou com a queda do então chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, derrubou Nascimento e outros cinco ministros. O PR chegou a anunciar a saída da base aliada do governo. Em abril, na tentativa de conquistar o apoio do PR para sua campanha à reeleição, Dilma restituiu o comando do Ministério dos Transportes ao partido de Nascimento e Costa Neto, nomeando o ex-senador César Borges.
(Com Estadão Conteúdo)