PF suspeita que autoria de documento golpista foi ocultada de propósito
Investigadores constataram que um papel foi utilizado para cobrir nome de autor de material que decretava um estado de sítio no Brasil
A Polícia Federal encontrou indícios de que a autoria de um dos documentos encontrados no telefone do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi ocultada de maneira proposital.
No dia 28 de novembro do ano passado, Cid encaminhou via WhatsApp três fotografias para seu próprio número, identificado como “Major Cid – AJO Pr” – o que é visto pelos investigadores como um back up das imagens.
As imagens eram referentes a um documento que declarava o estado de sítio no país e, ato contínuo, a decretação de operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que levaria os militares às ruas.
De acordo com a PF, o responsável pela foto do documento golpista utilizou uma folha para esconder a autoria do material.
“Como é possível conferir no item c) Imagem 3, o autor da fotografia utiliza, aparentemente, uma das folhas impressas (Imagem 2) para cobrir o local que supostamente revelaria a identificação do autor do texto. Foi possível verificar este indício a partir da inversão da imagem 3, de forma que o texto apresentou melhor legibilidade apos a mudança do sentido da imagem (espelho) e diminuição do brilho”, informa o parecer da Polícia Federal. A investigação não aponta quem teria fotografado o material.
Conforme revelou VEJA, a Polícia Federal encontrou uma série de documentos no celular de Cid, entre os quais um detalhado roteiro que previa anular as eleições, afastar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que supostamente teriam interferido no resultado e colocar o país sob intervenção militar até que um novo pleito fosse realizado. Em outras palavras, engendrou-se um golpe para manter Bolsonaro no poder.
Para a elaboração do plano, foram usados outros materiais para subsidiar o roteiro golpista – a maioria deles questionava a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF).
No caso do documento cuja autoria aparentemente foi ocultada, há críticas ao “ativismo judicial” por parte dos ministros e a existência de decisões ilegítimas, o que daria respaldo a uma intervenção para afastar os ministros e a decretação de uma intervenção militar.