PF faz busca em sede do PSL em operação que investiga ‘laranjas’
Partido teria destinado verbas milionárias do Fundo Partidário para candidatas que tiveram votações insignificantes nas últimas eleições

A Polícia Federal (PF) realizou nesta segunda-feira, 29, a Operação Sufrágio Ostentação, para investigar as suspeitas sobre as candidaturas -‘laranja’ na campanha eleitoral do PSL, partido do presidente da República, Jair Bolsonaro, em Minas Gerais. Foram cumpridos sete mandados judiciais de busca e apreensão em endereços em Minas ligados ao partido.
Segundo a PF, os endereços de busca e apreensão foram expedidos pela 26ª Zona Eleitoral de Belo Horizonte e dois estavam na capital, dois em Contagem, um em Coronel Fabriciano e um em Ipatinga. “Houve também a apreensão de documentos relativos à produção de material gráfico de campanhas eleitorais”, informou.
Sob o comando de Marcelo Álvaro Antônio, atual ministro do Turismo e dirigente do partido no estado, o PSL teria destinado verbas milionárias do Fundo Partidário para candidaturas que tiveram votações insignificantes nas últimas eleições, em disputas por cargos legislativos em estados como Minas Gerais e Pernambuco. As investigações começaram após a revelação do jornal Folha de S. Paulo em fevereiro deste ano.
Durante a campanha do ano passado, candidatas mulheres receberam entre 60.000 e 72.000 reais do PSL, apesar de baixíssima votação, entre 196 e 885 votos. Para efeito de comparação, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), eleita com mais de 1 milhão de votos, recebeu 100.000 reais da legenda.
A combinação de baixas votações com repasses volumosos são características típicas de candidaturas chamadas de ‘laranjas’, aquelas que não tem objetivo real de buscar uma vitória eleitoral e são apresentadas apenas para objetivos partidários escusos, como, por exemplo, cumprir a cota mínima de mulheres candidatas ou simular doações fraudulentas de partidos políticos.
Outro lado
O ministro Marcelo Álvaro Antônio, procurado por VEJA, afirmou que “a distribuição do Fundo Partidário do PSL em Minas Gerais cumpriu rigorosamente o que determina a lei” e que ele não pode “ser responsabilizado pela contratação de prestadores de serviços em campanhas de outros candidatos”.
Marcelo Álvaro também é crítico da relação entre os valores gastos e os votos obtidos por cada candidato como indicativo de ilegalidades. “Se existisse qualquer relação entre gasto na campanha e votos, o presidente Jair Bolsonaro, que gastou vinte vezes menos que o outro candidato, não teria sido eleito”, afirmou.