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‘Para concordar com Bolsonaro, tem que ser alienado’, diz Major Olimpio 

Aliado de primeira hora, líder do PSL no Senado ficou perplexo com pronunciamento público: 'Não dá para continuar em um barco que rema contra a maré'

Por André Siqueira Atualizado em 18 mar 2021, 16h34 - Publicado em 25 mar 2020, 16h38

O senador Major Olimpio (PSL-SP) afirmou, nesta quarta-feira, 25, que ficou perplexo com o discurso do presidente Jair Bolsonaro na noite da terça-feira 24, no qual se referiu ao coronavírus como “resfriadinho” e criticou governadores e a cobertura da imprensa. Na avaliação do líder do partido no Senado, “tem que ser alienado para concordar com Bolsonaro”.

“Fiquei perplexo no momento. Hoje de manhã, o presidente insistiu nos erros de sua manifestação de ontem, ficou pior ainda. Vi também essa ruptura do governador [de Goiás] Ronaldo Caiado com ele, e o destempero de Bolsonaro com os governadores. O presidente caiu muito fácil na armadilha do Doria, que manteve um discurso centrado, sereno, e conseguiu colocar todos os governadores contra Bolsonaro”, disse a VEJA.

Além da insatisfação dos governadores, o clima no Congresso não é bom para o Executivo. De acordo com Major Olimpio, líder do PSL no Senado, nenhum dos líderes na Casa deixou de fazer críticas à postura do presidente da República. “Todos os líderes se manifestaram contra Bolsonaro, ninguém disse uma palavra em sua defesa. Afinal, não se justifica o injustificável. Dá para ser aliado, mas não alienado. Para concordar com Bolsonaro nesse momento, tem que ser alienado. O melhor que Bolsonaro poderia fazer era ouvir o seu ministro da Saúde, ficar em casa isolado e não falar nada”, afirma o senador.

Apesar da animosidade com o Parlamento, Olimpio garante que o Congresso não prepara nenhum tipo de contragolpe às declarações de Bolsonaro. “O posicionamento dos líderes é manter o compromisso com a agenda do país. Hoje, em meio à crise deflagrada pelo discurso, vamos votar duas MPs, um empréstimo ao governo de Alagoas. Essa é nossa melhor resposta. Temos 29 projetos relacionados ao coronavírus, não nos interessa acirrar ainda mais os ânimos. Estamos agindo como bombeiros. Se quiséssemos botar fogo no país, não seria difícil encontrar meia dúzia de líderes em cada Casa dispostos a aceitar a abertura de um processo de impeachment. Mas não apagaremos fogo com gasolina”, disse o senador a VEJA.

Aliado de primeira hora de Bolsonaro, Olimpio vem se afastando do presidente e, nos últimos meses, tem elevado o tom das críticas às atitudes do chefe do Executivo federal. O líder do PSL no Senado se queixa, principalmente, da influência dos filhos do presidente, em especial o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), na tomada de decisões do governo, e da insistência de Bolsonaro em apostar no tensionamento da relação com o Congresso para mobilizar seus apoiadores nas redes sociais.

Na avaliação do senador, estes são dois elementos da postura errática de Bolsonaro que explicam o processo de isolamento político gradual que o presidente da República vem passando. “Ministros já saíram, parlamentares e governadores já romperam. O empresariado, como o grupo Brasil 200, também tece críticas. Não dá para continuar em um barco que rema contra a maré, na contramão de tudo o que o mundo vem pregando. É como costumo dizer: o último a sair que apague a luz, tranque a porta e jogue a chave pela janela. Isso é muito ruim para a sua governabilidade, mas não podemos esperar que o governo se adeque ao que o país enxerga como necessário e correto”, afirma.

Questionado sobre o fato de Bolsonaro ter utilizado os termos “gripezinha” e “resfriadinho” em seu pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, Olimpio foi taxativo: “Ninguém suspende Olimpíada, com bilhões envolvidos em contratos, por gripezinha. Um país não apresenta um pacote de 2 trilhões de dólares por um resfriadinho, a Índia não colocou 1,2 bilhão de pessoas em confinamento por uma bobagem. Não dá para acharmos razoável que uma pessoa diga que o coronavírus é coisa de comunista ou plano do governo chinês”.

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