Ministro do governo Lula, Márcio França (PSB-SP) assumiu em setembro um novo posto em nome da governabilidade. O socialista foi remanejado para o Ministério do Empreendedorismo, uma pasta recriada pelo presidente da República que tem um orçamento menor em relação ao do Ministério de Portos e Aeroportos, até então comandado pelo ex-governador de São Paulo.
Com uma agenda menor , França tem aproveitado para fazer o que mais gosta: política, inclusive pensando também em seus planos para 2026. Uma de suas prioridades é concorrer ao governo paulista e, de preferência, com o apoio do PT.
Lideranças socialistas contam que a segunda prioridade do ministro é emplacar o vice-presidente Geraldo Alckmin novamente em uma chapa presidencial com Lula. Isso afastaria o ex-tucano da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes – para a qual ele, aliás, sempre é lembrado. Na semana passada, Alckmin, que também seu suas pretensões políticas, se reaproximou de João Dória, o ex-afilhado responsável por sua saída do PSDB.
À frente do novo ministério e apesar da pouca estrutura que tem à disposição, França tem se dedicado tempo a reuniões com autoridades e representantes de empresas. De setembro para cá, já se encontrou com 48 parlamentares. Também visitou sete cidades diferentes. Três delas no Estado de São Paulo (Diadema, Mogi das Cruzes e Suzano), único estado que o socialista fez questão de visitar mais de uma vez.
O ministro de Empreendedorismo também tem novas bandeiras que devem servir de aposta para cacifar seu nome para 2026. Uma de suas ideias é estender o Desenrola — programa destinado a renegociar dívidas e limpar o nome de pessoas físicas — para microempresas.
O “microministério”
Márcio França integra o governo Lula desde o início da gestão, em janeiro. Começou o mandato como ministro de Portos e Aeroportos, mas, em setembro foi remanejado por Lula a fim de abrir espaço para o Republicanos na Esplanada. Deixou seu posto para Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE) e assumiu o Ministério de Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. A mudança foi considerada uma espécie de rebaixamento, até mesmo por França que, reservadamente, reclama que a estrutura tinha “micro” até no nome.
Esse posto, na prática, já existia, mas não tinha status de ministério. Era a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, vinculada ao Ministério da Fazenda, e dona de um orçamento de R$ 11 milhões. Só para se ter uma ideia da diferença: o orçamento da pasta de Portos e Aeroportos era de 10 bilhões de reais.