Operação Gotham City prende Batman, mas Robin sai do país
Empresários com apelidos de super-heróis são alvos de mandados de prisão por fraude no setor de transportes do Rio; um deles é procurado pela Interpol
Em um novo desdobramento da Operação Ponto Final, a Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira a Operação Gotham City para prender dois empresários acusados de fraudes no setor de transportes no Rio de Janeiro conhecidos como “Batman” e “Robin” – daí o nome da operação, que faz referência à cidade onde vivem os super-heróis da DC Comics.
O primeiro, Nuno Canhão Bernardes Gonçalves Coelho, o “Batman”, foi preso em Curitiba. O segundo, Guilherme Neves Vialle, o “Robin”, no entanto, foi para o exterior e será alvo de busca da Interpol – a pedido da PF, Vialle já foi incluído no alerta de difusão vermelho da polícia internacional.
Também foram autorizados seis mandados de busca pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal/RJ, e estão sendo cumpridos em Curitiba. Segundo a PF, a investigação identificou que uma empresa do ramo de engenharia sediada naquele estado e gerenciada pelos dois alvos da operação era utilizada em operações de lavagem de dinheiro originário de desvios de recursos públicos e de pagamento de propina por parte da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).
Ainda no âmbito da Operação Ponto Final, o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) ofereceu, na segunda-feira, mais duas denúncias contra o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ0) por chefiar o esquema criminoso de corrupção ativa e passiva, centenas de crimes de lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro e por participação em organização criminosa. O esquema envolveria cerca de R$ 144,7 milhões que teriam sido repassados ao ex-governador entre julho de 2010 a fevereiro de 2016 pela Fetranspor. Os acusados negam.
As denúncias tiveram como ponto de partida investigações da 13ª e 14ª operações da força-tarefa da Operação Lava Jato no estado e atingiu 23 investigados nas operações, inclusivo o e x-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro) Rogério Onofre.
As duas novas denúncias foram aceitas pelo juiz Marcelo Bretas, o que fez com que Cabral passasse a responder por um total de 14 processos, incluindo um no qual já foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão pelo juiz Sergio Moro, em Curitiba, e do qual está recorrendo.
Preso desde novembro do ano passado, acusado de chefiar um esquema de corrupção que teria desviado centenas de milhões de reais dos cofres públicos do estado, o ex-governador foi transferido em maio último do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste da cidade, para um presídio reformado em Benfica, na zona norte.
(Com Agência Brasil)