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O senador sabia de tudo

Assista ao vídeo em que a ex-funcionária fala sobre as rachadinhas no gabinete de Alcolumbre, conta como funcionava e diz que a fraude pode ser ainda maior

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 31 out 2021, 12h11
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  • Marina Ramos Brito dos Santos, 33 anos, foi contratada como assessora do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) em janeiro de 2016. Entre salário e benefícios pagos pelo Congresso, ela recebia mais de 14 mil reais por mês. A dona de casa, no entanto, ficava com apenas 1 350 reais dessa bolada. O resto era sacado de sua conta e embolsado pelo parlamentar. Como mostrou uma reportagem publicada na última edição de VEJA, Marina e outras cinco mulheres – todas pobres, desempregadas e moradoras da periferia do Distrito Federal – foram usadas em uma fraude que rendeu pelo menos 2 milhões de reais ao senador.

    Em entrevista a VEJA, Marina contou que as mulheres foram contratadas para não trabalhar. Elas entregavam o cartão e a senha do banco onde os salários eram creditados ao então chefe de gabinete de Alcolumbre, Paulo Boudens. Durante mais de quatro anos, o dinheiro foi sacado na boca do caixa — e elas recebiam apenas um pedaço minúsculo. No extrato da conta-salário de Marina, há vários “saques” e “transferências”, mas ela diz que não sabe do que se tratam as movimentações. A orientação do gabinete era que as mulheres nunca dissessem para ninguém em Luziânia que tinham sido contratadas no Senado.

    Marina diz que o senador tinha conhecimento do esquema. “Ele estava a par de tudo. Sempre que eu ia lá resolver problemas das meninas, o Paulinho (Boudens) ligava para o senador na minha frente: ‘as meninas estão fazendo isso'”. A dona de casa diz que os funcionários do parlamentar faziam saques e transferências da conta dela:

    Marina também revela que pouca gente sabia da rachadinha, além das próprias funcionárias, do senador Alcolumbre e do chefe de gabinete. A orientação era para manter tudo em absoluto sigilo. “O senador me falou que eu não era capacitada para o emprego, que não tinha curso superior, mas que iria me ajudar. Ele disse assim: ‘Eu te ajudo e você me ajuda’”, contou Marina. A parceria se estendeu por quatro anos. O esquema, porém, pode ser bem mais antigo:

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    Marina foi funcionária fantasma do gabinete de Alcolumbre até fevereiro do ano passado. Hoje, ela cobra do senador na justiça uma indenização por ter sido exonerada quando estava grávida. A ex-assessora passou por momentos de privação após ser exonerada — e se envolveu em outra fraude. Quando perdeu os 1.350 reais mensais, Marina diz ter entrado em desespero, pois já tinha seis filhos. Em fevereiro deste ano, ela foi acusada de falsificar documentos para obter um empréstimo em nome de outra pessoa.

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