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O que estará em jogo no Rio em um duelo entre Paes e Crivella

De acordo com as pesquisas de boca de urna, o atual prefeito e o ex-prefeito da cidade disputarão votos entre eleitores de Bolsonaro e da esquerda

Por Sofia Cerqueira, Cássio Bruno 15 nov 2020, 21h41

Depois de semanas com um cenário de indefinição, as pesquisas de boca de urna do Ibope indicam que a batalha no segundo turno no Rio de Janeiro será entre o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) e o atual ocupante da cadeira, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Até momentos antes do pleito, as pesquisas eleitorais apresentavam um empate técnico entre Martha Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT) – que ensaiava uma virada de última hora. O bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, no entanto, se fortaleceu com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na reta final da campanha. O candidato ainda foi favorecido pelo fato de os adversários de partidos de esquerda não terem se unido em uma única chapa, o que acabou resultando na fragmentação nas urnas. A tendência é que esse eleitorado, refratário à candidatura de Crivella, migre em boa parte para Paes – as duas juntas somam mais de 20% dos votos dos cariocas. “O Crivella tem pelo menos 15% do eleitorado fidelizado e cresceu em torno de mais 5% por conta do presidente”, explica Paulo Baía, cientista político e professor da Universidade Federal do Rio. “O cenário é que eleitores de esquerda possam votar em Eduardo Paes no segundo turno”, completa.

Bolsonaro entrou na campanha carioca como uma tábua de salvação diante da ameaça de Crivella nem chegar ao segundo turno. Nos bastidores, o presidente temia que o aliado fosse ultrapassado por Martha Rocha, apoiada pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), seu possível adversário nas eleições de 2022. O clima de apreensão, porém, continua na campanha do atual prefeito. Nos levantamentos dos principais institutos de pesquisa, Crivella registrou os maiores índices de rejeição: 62%, de acordo com Datafolha, e 59% entre os eleitores ouvidos pelo Ibope.

Ter a máquina da prefeitura nas mãos e a ajuda do eleitorado evangélico – primordial nas eleições municipais de 2016 –, também ajudou Crivella a se consolidar na segunda posição. Mas essa dobradinha pode não ser suficiente para garantir sua permanência no Palácio da Cidade. Por isso, o prefeito do Rio já vai buscar o apoio de Bolsonaro a partir desta semana. “Agora, o presidente terá de vestir a camisa 100% desde o primeiro dia”, afirmou o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), um dos articuladores da costura entre Crivella e Bolsonaro. No primeiro turno, o presidente havia declarado que não participaria das eleições municipais. No caso do Rio, diante da estagnação de seu aliado nas pesquisas de intenções de voto, Bolsonaro decidiu socorrer a campanha de Crivella há apenas duas semanas, quando gravou participação na propaganda eleitoral na TV e no rádio, além das redes sociais. Para integrantes da campanha do bispo, a demora quase decretou uma derrota precoce.

Um segundo turno disputado por representantes das últimas gestões da cidade – Crivella sucedeu Paes na prefeitura, após 8 anos de governo – foi ainda resultado da desunião das lideranças de esquerda. As duas principais candidaturas deste campo, Martha Rocha e Benedita da Silva, alimentavam a expectativa de continuar no páreo com o impulso do voto útil pregado por ambas, o que não se concretizou nas urnas. O resultado mostrou também que o uso da imagem e o pedido de votos de medalhões da política nacional, como o ex-presidente Lula e Ciro Gomes, não foram suficientes para sensibilizar os eleitores. Os problemas nesta ala começam bem antes da corrida eleitoral, quando o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) desistiu de concorrer justamente por fracassar nas tentativas de reunir partidos de esquerda em torno de uma única candidatura, a dele, no caso.

Depois do revés em 2018, quando foi derrotado nas eleições para governador pelo estreante e ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC) – afastado do cargo por suspeita de corrupção –, Eduardo Paes mostrou que está de volta ao cenário político. O ex-prefeito, que comandou o município entre 2009 e 2016, fez uma campanha impulsionada pela fama de “bom gestor”, sem padrinho político e levantando a bandeira de que nenhum outro candidato conhece a cidade como ele. Ao longo dos últimos 45 dias, martelou no programa eleitoral que era “o único candidato que dá certeza do Crivella fora da prefeitura”, apostando na rejeição ao atual prefeito do Rio. Sua estratégia foi tentar convencer o eleitor de que um embate entre Martha e o bispo-licenciado da Universal resultaria em um cenário indefinido. Hoje, ao votar pela manhã, endureceu o discurso: “Peço a população que não arrisque mais, que não permita que pessoas despreparadas ou farsantes governem a nossa cidade. Nos últimos anos, infelizmente, foi escolhido um prefeito que destruiu o Rio”.

No esforço de voltar ao comando da capital fluminense, Paes tentou, a exemplo das eleições de 2018, se descolar da imagem de ex-aliados presos por corrupção pela Lava Jato, como o ex-governador Sérgio Cabral, condenado a cerca de 300 anos de prisão. Há dois anos, o ex-prefeito já havia deixado o MDB, partido do qual faziam parte, além de Cabral, Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara dos Deputados) e Jorge Picciani (ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio), os dois últimos também condenados pela Justiça. Ao abrir a campanha este ano, o candidato fez questão de divulgar um vídeo dizendo que não era desonesto. Dias depois, virou réu na Justiça Eleitoral por suspeita de caixa dois. Ele é acusado de receber 10,8 milhões de reais em vantagens indevidas da Odebrecht na campanha de 2012. Na ocasião, disse que a investigação é uma tentativa de interferência no processo eleitoral.

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