Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

O drama familiar

Separados de vez pela Lava Jato, Emilio e Marcelo Odebrecht não se falam mais

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 16h38 - Publicado em 5 abr 2019, 07h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Emílio e Marcelo Odebrecht, pai e filho, comandaram por vinte anos a maior empreiteira do Brasil. Os dois também operaram a maior e mais bem organizada estrutura de corrupção já descoberta na história do capitalismo, segundo a Transparência Internacional. Calcula-se que, em pouco mais de uma década, a empresa tenha pago 788 milhões de dólares (3 bilhões de reais) em propinas em doze países. Era um esquema tão sofisticado que a organização tinha até um banco em Antígua, no Caribe, só para movimentar o dinheiro sujo. O esquema veio à luz quando os dois revelaram seus segredos — naquele que também é conhecido como o maior acordo de delação do planeta.

    O pai vai cumprir pena de quatro anos de prisão domiciliar. Marcelo, condenado a 47 anos, está nesse regime desde 2017. Donos de um patrimônio que já atingiu 12 bilhões de reais, Marcelo e o pai nunca se entenderam bem. A Lava-Jato os separou de vez. Desde que o nome da empreiteira surgiu no escândalo, Emílio queria fazer um acordo com o Ministério Público. No início das investigações, os advogados chegaram a discutir na Procuradoria-­Geral da República a possibilidade de um acordo que previa o pagamento de uma multa bilionária e preservava diretores e sócios da empresa. A negociação vazou. Marcelo foi apontado como o autor do vazamento.

    Emílio achava que o acordo era o melhor caminho para salvar a empresa, mas o filho defendia uma estratégia mais ousada: buscar o apoio do ex-presidente Lula e da então presidente Dilma Rousseff para blindar a empreiteira. Marcelo acreditava que a amizade de seu pai com Lula poderia evitar o pior. O avanço das investigações, porém, inviabilizou qualquer plano heterodoxo e, em 2016, os executivos e sócios fecharam a delação, que envolveu mais de quatro centenas de políticos por recebimento de propina e caixa dois, incluindo os ex-­presidentes Lula, Dilma e Temer.

    Hoje, pai e filho não se falam mais. Emílio vive praticamente recluso em Salvador, na Bahia. Marcelo está confinado num condomínio em São Paulo. Sua rotina reveza a prática de exercícios físicos com a análise de documentos da empresa. Ele acredita que ainda conseguirá garimpar novas provas de corrupção e, com elas, negociar mais benefícios com a Justiça. Seu sonho é voltar a dar as cartas na Odebrecht — mas, antes disso, quer minar a influência que o pai ainda exerce na empresa. No fim do ano passado, a central de monitoramento da Vara de Execuções Penais recebeu o alerta de que a tornozeleira eletrônica de Marcelo havia sido removida, um indício de fuga. A polícia foi imediatamente acionada. Era apenas um alarme falso.

    Publicado em VEJA de 10 de abril de 2019, edição nº 2629

    Continua após a publicidade
    Continua após a publicidade
    carta
    Envie sua mensagem para a seção de cartas de VEJA
    Qual a sua opinião sobre o tema desta reportagem? Se deseja ter seu comentário publicado na edição semanal de VEJA, escreva para veja@abril.com.br
    Continua após a publicidade
    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.