Dentro do tom cada vez mais agressivo que virou a tônica do segundo turno presidencial, a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem subido o tom contra as investidas de Jair Bolsonaro (PL) que tentam associá-lo a temas como corrupção, liberação das drogas e defesa do aborto.
Um dia após veicular uma propaganda na qual são apresentadas declarações em que Bolsonaro admite ter cogitado abortar seu quarto filho, Jair Renan, a campanha petista voltou a abordar o assunto.
Em novo vídeo divulgado nesta terça-feira, 11, Lula tenta convencer o eleitor de que Bolsonaro tem o teto de vidro e faz um contra-ataque às acusações do adversário.
“Já percebeu? Quando Bolsonaro acusa Lula, é para encobrir algo que ele mesmo faz. Bolsonaro acusa Lula de defender o aborto, mas foi Bolsonaro que afirmou que poderia abortar o próprio filho”, diz o locutor da propaganda, em menção à entrevista concedida pelo atual presidente em 2000 à Istoé Gente. Na ocasião, Bolsonaro defendeu que a interrupção da gravidez deveria ser “uma decisão do casal”.
O modo como a campanha de Lula tem tratado o aborto é uma quebra de promessa de que o petista não desceria o nível da campanha e representa uma guinada a respeito do comportamento dele sobre o mesmo assunto nas últimas semanas. Se até pouco tempo atrás o tema era tratado como questão de “saúde pública”, agora Lula se diz “pessoalmente contra”, mas diz que não cabe a ele opinar — e, sim, ao Congresso.
A propaganda divulgada nesta terça-feira vai adiante. “Bolsonaro acusa Lula de querer liberar as drogas, mas é Bolsonaro que está ajudando a armar a milícia e o tráfico. Bolsonaro fala de corrupção, mas foi a família de Bolsonaro que comprou 51 imóveis com dinheiro vivo. Chega de mentiras. O Brasil não aguenta mais Bolsonaro”, diz o vídeo.
A gravação inclui, ainda, um registro do anúncio do apoio de Simone Tebet (MDB) à candidatura de Lula, oficializado na última semana, e apelos pela retomada do emprego e do poder de compra dos brasileiros.
“Lula valorizou os brasileiros e isso abriu oportunidades. Chegaram novidades no prato da família, milhões de novos negócios, a renda aumentou, dava para consumir mais, viver melhor. E com o dólar lá embaixo, os brasileiros é que decolaram”, diz trecho da propaganda.