O ‘código’ de Dirceu que indica influência sobre o governo Lula
Ainda mantendo a discrição, o ex-todo poderoso ministro volta à cena política
Reportagem de VEJA desta semana mostra como o ex-todo poderoso ministro da Casa Civil José Dirceu volta, ainda discretamente, à cena política nacional – da participação nas rodas de conversas de ministeriáveis a pedidos de cargos no governo Lula.
As primeiras movimentações já eram percebidas durante a campanha. Apesar de se manter distante dos holofotes, Dirceu assumiu um papel de articulador, viajando pelo Brasil para ajudar na formação de palanques e na conquista de apoios ao petista. “Quando ele passou em Mato Grosso, falei com ele. O Dirceu estava na casa de um deputado do PT e me convidou”, contou um parlamentar.
Além disso, ele era procurado por lideranças de outros partidos, como Renan Calheiros, do MDB, em busca de discutir a possibilidade de formação de uma frente de apoio mesmo ainda enquanto a senadora Simone Tebet era candidata pela legenda.
Agora, passada a eleição, Dirceu é alvo de cobiça para tratar da formação de ministérios – cotados a ganhar uma cadeira na Esplanada batem em sua porta em busca de apoio. Em contrapartida, ele já procura eventuais ministros na tentativa de emplacar aliados em cargos no segundo e no terceiro escalão. “Não tem uma pessoa que não fale com ele”, resume um amigo. Tudo isso acontece, porém, com extrema discrição.
Quem conversa com Dirceu garante que ele tem acesso ao presidente eleito – mas ninguém sabe (ou quer dizer) qual o caminho. A leitura é feita com base em uma “senha” dada pelo ex-todo poderoso ao colher as demandas. “Vou levar esse assunto adiante”, costuma repetir. O “adiante”, para muitos, tem nome e sobrenome: Luiz Inácio Lula da Silva.