Nova denúncia da PGR seria ‘mais pífia’ que as anteriores, diz Temer
Investigado por supostamente beneficiar empresas do setor portuário em troca de propina, o presidente disse não ter 'a menor preocupação' com a apuração
Investigado em um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) sob suspeita de receber propina em troca de benefícios a empresas do setor portuário por meio do Decreto dos Portos, o presidente Michel Temer (MDB) declarou nesta sexta-feira 4 que uma possível denúncia no âmbito dessas apurações seria “mais pífia” que as duas acusações apresentadas contra ele no ano passado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ambas rejeitadas pelo Congresso.
“As duas denúncias [anteriores] eram pífias. Tão pífias que o Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados não teve a menor dúvida em rejeitá-las (…) Essa suposta terceira denúncia é uma campanha, oposicionista naturalmente, seja do Poder Legislativo, seja onde estiver sediado. Mas, é uma mera hipótese para desmoralizar o governo, mas não tem a menor possibilidade de prosperar. Eu diria que é mais pífia, de menor dimensão até do que as denúncias anteriores. Eu não tenho a menor preocupação”, afirmou o presidente em entrevista à rede estatal EBC.
A Polícia Federal investiga se o decreto assinado pelo presidente favoreceu a Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos, tradicional área de influência política de Michel Temer. O advogado José Yunes e o coronel aposentado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, amigos próximos de Temer, foram presos em março no âmbito do inquérito dos Portos, ambos suspeitos de intermediarem propina ao presidente. Yunes e o coronel Lima foram soltos depois de três dias detidos em São Paulo.
Nesta quinta-feira 3, Maristela Temer, filha de Michel Temer, prestou depoimento à PF na capital paulista. A reforma de uma casa dela na cidade contou com pagamentos feitos em dinheiro por Maria Rita Fratezi, mulher de Lima, que os investigadores suspeitam ter sido feitos para lavar dinheiro.
Na entrevista, o presidente voltou a criticar vazamentos de informações do inquérito da PF. Na semana passada, o emedebista reagiu energicamente a uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, segundo a qual a polícia também suspeita de ter havido lavagem de dinheiro em transações imobiliárias feitas por Michel Temer em nome de familiares.
“O que a Polícia Federal não pode fazer é intervir por meio de vazamentos. Ora, o processo é sigiloso. Eu tenho verificado com frequência que, quando o processo é sigiloso, a defesa entra com pedido para ter acesso e o acesso é negado, há o fundamento de que o processo é sigiloso. (…) Quando a defesa solicita o acesso aos autos e tem essa resposta, no dia seguinte a matéria está nos jornais. Ora, não foi o jornalista, disse na minha manifestação, que sorrateiramente, na madrugada pegou o inquérito. Alguém vazou”, disse Temer.
Depois de se movimentar politicamente para ser candidato à reeleição nas eleições de outubro, Michel Temer ponderou na entrevista à EBC que pode não entrar na disputa. O motivo, disse ele, seria o excesso de candidatos de centro.
“Eu posso não ir para a reeleição na medida em que eu comece a perceber o seguinte: você tem muitos candidatos. Não vou rotular porque não é de meu gosto. Mas eu vejo que tem rótulos de extrema esquerda, extrema direita, rótulos de centro. Eu vejo que no chamado centro tem seis, sete ou oito candidaturas, o que não é útil”, resumiu. Ele ressaltou, contudo, que a decisão final será tomada até julho.