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Notebook de Odebrecht gera novo atrito entre PF e PGR

Delegada da PF classificou como 'preocupante' que delação premiada do empreiteiro tenha sido firmada sem que os procuradores tivessem acesso ao aparelho

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 ago 2017, 13h36 - Publicado em 8 ago 2017, 22h44
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  • O conflito entre Ministério Público Federal e Polícia Federal em torno da celebração de acordos de delação premiada na Operação Lava Jato ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira. Diante da falta de acesso ao notebook Marcelo Odebrecht pelo MPF, a delegada Renata da Silva Rodrigues, integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, classificou como “preocupante” que o acordo de delação premiada do empreiteiro tenha sido firmado sem as provas que estavam no aparelho, incluindo os e-mails dele.

    No último dia 4 de agosto, após um pedido dos procuradores do Ministério Público para que fornecesse acesso ao computador, Marcelo Odebrecht informou que não tinha a senha, gerada por meio de um token. Conforme o empresário, o gerador de códigos, que ele mantinha em seu chaveiro pessoal, havia sido entregue aos advogados da Odebrecht quando ele foi preso. Outro token ficava com uma de suas secretárias.

    Marcelo Odebrecht disse à PF que, embora, durante a negociação de seu acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República, tenha reiterado a advogados e procuradores a necessidade de acesso ao notebook para corroborar suas declarações com provas, os tokens não foram encontrados e o departamento de tecnologia da empreiteira não conseguiu encontrar uma alternativa a eles. O aparelho segue inviolável.

    Em um despacho assinado ontem, Renata Rodrigues ressaltou que a PF em Curitiba não recebeu da PGR nenhum pedido por acesso ao computador, tampouco por quaisquer evidências colhidas durante as operações de busca e apreensão contra Marcelo Odebrecht e suas empresas.

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    “Preocupante para as investigações que a obtenção de evidências contidas no laptop de Marcelo, e que teria sido por ele supostamente indicado à PGR como importante fonte de prova (contendo inclusive seus e-mails), não tenha sido exigida como condição sine qua non para qualquer acordo – de colaboração ou leniência, especialmente porquanto possa revelar novos fatos delitivos, ou mesmo contrariar fatos reportados pelos colaboradores (e que foram valorados para o oferecimento de benefícios)”, afirma a delegada da PF no documento.

    Ainda de acordo com Renata, o depoimento de Marcelo Odebrecht sobre o destino do token que geraria senhas para acessar seu notebook demonstra, “no mínimo”, que a Odebrecht não tem interesse em cooperar com as investigações e, “em um tom mais grave”, que houve obstrução de Justiça no caso.

    “Não há como se cogitar que pertences pessoais de Marcelo tenham simplesmente se extraviado, especialmente existindo a orientação específica da esposa deste de que fossem entregues ao Departamento Jurídico da empresa, provavelmente aos defensores citados por Marcelo em suas declarações”, critica Renata Rodrigues.

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