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No futuro, Rodrigo Janot quer combater corrupção em empresas

Prestes a deixar o cargo atual, procurador-geral já planeja aposentadoria do Ministério Público com produção de livros e atuação como consultor

Por Guilherme Venaglia
Atualizado em 8 set 2017, 08h36 - Publicado em 6 set 2017, 12h03
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  • A dez dias de deixar a Procuradoria-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot já definiu o seu futuro após o fim do segundo mandato à frente do Ministério Público. Por vezes cotado para a disputa de cargos públicos, como o senado ou o governo de Minas Gerais, Janot afirmou, por meio de nota enviada pela PGR, que pretende atuar no combate à corrupção na iniciativa privada

    No primeiro momento, ele retornará à função de subprocurador-geral, que exercia antes de ascender ao comando da Procuradoria, se preparando para uma futura aposentadoria. Quando passar para a inatividade como procurador, terá de cumprir um período de três anos de quarentena antes de se dedicar à nova função, período em que pode cumprir outro dos seus objetivos, o de publicar livros sobre a sua experiência na PGR. Janot já adiantou ter interesse de escrever duas obras, uma, mais geral, sobre a sua experiência; outra, mais específica, sobre os casos mais delicados, incluindo a JBS.

    O hoje procurador-geral pretende atuar em uma área de empresas conhecida como compliance, que planeja e aplica um conjunto de práticas para garantir a lisura do processo de uma organização, podendo incluir tanto as relações internas entre funcionários quanto as externas, como clientes, fornecedores e até o governo. Inicialmente restrita a poucas empresas, a área cresceu no país depois da Operação Lava Jato, que reforçou a importância da atitude preventiva para evitar o envolvimento das organizações em escândalos de corrupção.

    Na segunda-feira, o procurador-geral veio a público anunciar que, entre os materiais entregues por executivos da JBS como complementação de delação premiada, havia um áudio com citações pejorativas e insinuações a respeito da PGR e de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em um dos momentos mais sensíveis para as investigações das quatro horas do diálogo entre o empresário Joesley Batista e Ricardo Saud, dono e diretor da JBS, são feitas menções a Janot e ao ex-procurador Marcelo Miller. Esse último pode ter atuado em favor da empresa quando ainda estava no Ministério Público.

    Miller deixou o Ministério Público no começo de abril, para integrar o escritório de advocacia Trench, Rossi & Watanabe, responsável por representar a JBS na negociação do acordo de leniência, a delação premiada para empresas. No novo diálogo, os delatores especulam também sobre o futuro de Janot, afirmando que ele já teria caminho pavimentado para atuar nesse mesmo escritório após a aposentadoria, o que ele nega. Cerca de três meses depois de se juntar à equipe da Trench, Rossi & Watanabe, Miller deixou a banca de advogados.

    A suposta atuação do ex-procurador em favor da JBS antes de deixar o cargo é uma ameaça à continuidade dos benefícios obtidos pelos empresários. Se eles corromperam Miller para seu benefício próprio, incorreram em um crime que não foi confessado no acordo de delação premiada, que exige que o acusado relate todas as irregularidades que cometeu. Uma das principais críticas à atuação de Janot foi, justamente, a concessão de imunidade total aos delatores da empresa, que não podem ser processados por nenhum dos crimes admitidos, caso seja mantido o acordo.

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